Camaradas atónitos, eu sei que é Verão, há bola na Tv e as gajas andam descascadas como deviam andar sempre. Mas aproxima-se o tempo da clarificação política que, pouco a pouco, já se insinua.
Passos Coelho foi, surpreendentemente, muito claro. Disse, com todas as letras, que o PSD tem de contar com o CDS e que ele, pessoalmente, conta com Paulo Portas. Ou seja, está claramente definido o bloco que vai ocupar o Governo quando este Executivo finalmente receber a cartinha a dizer "Você está morto. Faça o favor de entrar na campa".
E hoje, nas jornadas parlamentares do Partido Xuxalista, foi um deleite ouvir José Sócrates a defender o Estado Social e a afirmar a sua oposição a uma agenda neoliberal, que poderá ver-se vertida numa revisão constitucional. Este Partido de Sócrates é um verdadeiro Jekill & Hide: nas suas jornadas internas, é so esquerdices a voar de um lado para o outro (salve-se a coerência fascistóide de Augusto Santos Silva); em qualquer estratégia do Governo, é a agenda neoliberal que domina qualquer decisão.
É isto que faz a ligação com a história de Passos Coelho e Portas.
É que se o que o PS disse hoje fosse a sério, e não fosse reiteradamente desmentido pela sua própria actuação, estariam encontradas as condições para haver a tão desejada união à esquerda.
Estou certo que, no prazo máximo de dois anos, haverá uma moção de censura da direita. E aí a esquerda terá uma decisão a tomar. Ou mantém este governo de centro/direita no poder, ainda que ligado à máquina; ou ajuda a acabar com ele, como ele merece, correndo o risco de entregar o poder à direita.
A questão é que a direita está clarificada. É óbvio que se vai unir. E, perante isto, tanto o PS como a esquerda só terão uma hipótese para resistir: juntar-se.
Mas, para que tal aconteça, é preciso que o PS queira. E que queira muito. Isto porque isto só acontecerá depois de uma verdadeira refundação do PS. Obviamente que esta junção nunca acontecerá nem poderá acontecer com Sócrates à frente. O PS tem de correr com Sócrates - esse cadáver político, cujo cheiro nauseabundo o precede onde quer que vá - mas também com toda a tralha socrática: Santos Silva, José Lello, Ricardo Rodrigues, Pedro Silva Pereira, Vitalino Canas, etc, etc, etc.
Só com essa renovação, com essa sincera refundação, tal seria possível. De outra forma, é inevitável que caiamos nas mãos desse pateta do Passos Coelho.
A minha opinião? Sócrates e sus muchachos são demasiado agarrados ao poder. Estão convencidos, com uma convicção próxima do fanatismo, de que são a salvação de Portugal. E que nunca se afastarão. Para eles, como disse hoje Santos Silva, os partidos da "extrema-esquerda" - por oposição de "esquerda democrática", como se apelidam - são um andor da direita.
Neste momento, o PS é o verdadeiro andor da direita, e vai levá-la direitinha ao poder.
Mas o caminho existe. Será o PS capaz?
quarta-feira, 7 de julho de 2010
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