sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Ilona Staler

Em tempos, vi uma bela VHS da Cicciolina, essa amiga do Goucha, em que ela era alvo de uma tripla penetração. Isso foi, de facto, impressionante, mas parece brincadeira de crianças (salvo seja, excepto para o Paulo Pedroso, a quem o salvo seja neste contexto não faz sentido), dizia eu que parece brincadeira de crianças perante a quádrupla ou quíntupla penetração que o camarada Pinocrátes está a fazer a cada um de nós.

Vamos por partes, que isto é difícil e eu não caminho para novo.

Em primeiro lugar as medidas.
Da história do fundo de pensões da Pt já falei há uns posts atrás. É uma manobra puramente contabilística e mais nada. Aqui não há inocentes, nem sequer a muito injustiçada Ferreira Leite, que fez o mesmo há uns anos, quando titularizou e vendeu ao Citigroup as dívidas fiscais ao Estado.
São contas de merceeiro, e mostram que, para Bruxelas, o que interessa é o número do défice, é irrelevante como chegamos lá, se é ou não sustentável, se lançamos sementes para o futuro, etc. É o sonho de Cavaco, o maior tecnocrata de todos.

Um novo imposto sobre a banca. Parece-me bem, mas não com argumentos pategos de que os bancos criaram a crise. Não foi o caso da banca portuguesa, que foi bastante conservadora e não recebeu dinheiro do Estado, excepto os casos de polícia BPP e BPN. Acho bem no sentido de que toda a gente tem de contribuir, mais ainda uma indústria que continua a lucrar milhões. Falta saber a taxa, os pormenores, etc.

Corte total do investimento público até final do ano.
Se falamosde devaneios absurdos como o TGV Santa Apolónia - Poceirão e terceiras travessias e merdas dessas, aplaudo de pé. Só não percebo como isto não foi óbvio antes, muito antes.
Acho mal quando se corta cegamente, sem olhar a investimentos bons, de proximidade, e obras faraónicas para dar de comer aos amigos construtores (ex: Jorge Coelho).

Corte do vencimento dos funcionários públicos.
Aqui depende. Depende da forma como é feito. Eu acho que se deve pagar bem aos funcionários públicos, mas menos bem do que uma função semelhante recebe no sector privado. Pela simples razão que quem trabalha no Estado sabe que tem emprego garantido, e faz sentido que quem não tem essa garantia ganhe mais. Mas esse corte teria necessariamente que deixar de fora os salários mais baixos, inferiores a 750 ou mil euros. Isto porque essa gente, que ganha menos, são de facto as pessoas mais úteis na máquina do Estado. São os trabalhadores sociais, os polícias de giro, os homens do lixo. O problema da máquina do Estado não está principalmente aqui: está, sim, nas camadas e camadas sucessivas de chefias e prateleiras douradas, de gente que toda a vida trabalhou no Estado e, hoje em dia, acrescenta/produz praticamente nada. Assim, é sacar dinheiro por sacar, porque o escalonamento não foi feito com a discriminação positiva suficientemente vincada. Vai, mais uma vez, penalizar os mais pobres.

Corte no abono de família para as famílias com rendimentos superiores a 630 euros.
Devia acabar para toda a gente. É um valor irrisório, que não serve para nada a não ser os Governos fingirem que têm uma política de apoio à natalidade e às famílias. Devia acabar porque assim os Governos teriam de prestar algo de realmente importante às famílias, e não entreter o pagode com esta parvoíce, que não serve de nada às famílias e, no conjunto, custa algum dinheiro ao Estado.

Aumento do IVA.
Um erro de palmatória. A receita extra vai vir, sobretudo, em 2011, e vai arrasar a economia. Mais, o Governo arrisca-se a angariar ainda menos dinheiro, com uma taxa de imposto superior. Porque os preços vão aumentar, e as pessoas deixar de comprar. Excepto se o vendedor não passar recibo, não declarar. Vai ser o paraíso para a economia informal, como os livros ensinam.

Em suma, é uma maneira de resolver o problema. Não é a única, como o PS tenta fazer crer, mas vai resolver o problema, contabilístico, no curto prazo. Tudo estaria bem, não fossem alguns pequenos problemitas.

1 - Vai penalizar toda a gente, incluindo os pobres mas incidindo, sobretudo, na classe média, aqueles que mais foram penalizados por este eterno e recorrente apertar do cinto. Tinha de ser assim, para atingir o dinheiro que é preciso.

2 - Estas novas medidas são o reconhecimento do absoluto falhanço deste Governo em matéria de controlo orçamental.

3 - Estamos a entrar num caminho recessivo, feito de falências e muito mais desemprego. Se tivermos a economia a crescer mais de 1,5% em 2012 eu ficaria muito surpreendido.

4 - Temos estas medidas avulsas, que convergem num ponto. De forma rápida, custe o que custar, ter mais receita e gastar menos. Nem uma reforma de fundo que nos permita redimensionar, de forma lógica e permanente, os custos do Estado. Isto significa que, depois de domado o défice, quando a economia voltar a mergulhar voltamos a ter os mesmos problemas, com novo apertar do cinto.

Estou curioso com o que vão dizer as próximas sondagens. Mas num país em que mais de metade das pessoas vota sempre nos mesmos, infelizmente não antecipo qualquer surpresa agradável.

1 comentário:

funafunanga disse...

"Eu acho que se deve pagar bem aos funcionários públicos, mas menos bem do que uma função semelhante recebe no sector privado. Pela simples razão que quem trabalha no Estado sabe que tem emprego garantido, e faz sentido que quem não tem essa garantia ganhe mais"~

Isto é verdade, tudo na vida tem um custo, mas... E que tal acabar de uma vez com essa injustiça anacrónica que é o regime especial e privilegiado do "funcionalismo público", com excepção porventura de algumas funções como polícia e forças armadas. Por que razão não hão de ter um contrato de trabalho como qualquer mortal?