Eu não queria dizer isto, mas não andamos, nesta altura do campeonato, a gastar guita a mais nesta história do centenário da República?
São festas, são concertos, são paradas. Muita palavra, muito foguete. E o povo lá se entretém, à falta de um estágio da Selecção ou de um piquenicão com o Tony Carreira.
Ainda por cima, se formos ver bem, não há assim grandes coisas para celebrar. Já havia um Partido Republicano nos tempos da monarquia, e a "revolução" não foi mais que uma maneira desta malta ter mais poder. O Rei, enfim, era uma figura praticamente decorativa. Não mandava grande espingarda, era uma espécie de árbitro, que passava os tempos em caçadas e tentava impedir as trafulhices entre os partidos.
Ainda por cima, a Primeira República foi um verdadeiro regabofe. Em nome do povo - que desprezava como um belo novo-rico - a burguesia, os membros do Partido Republicano e muitos maçons, chegaram ao poder. Foi o início de uma bela saga - que na verdade vem da Idade Média mas sem a mesma escala - de um Estado que aproveitou a Administração Pública e os seus fartos lugares para conivências e favorzinhos. Ao ler sobre esse período - em que maçons e gente sem qualidade de pseudo-esquerda recheados de demagogia e interesses privados tomaram conta do país - não consigo deixar de ver as enormes semelhanças com a situação actual, com este Grande Estado Xuxa.
É muito bom podermos votar nos nossos líderes, isso é obvio. Daí fazer sentido celebrar o 25 de Abril, a Democracia. Não advogo de forma alguma o regresso à Monarquia, pela simples razão que não acredito em dar tachos vitalícios a um tipo só porque ele é de determinada família.
Mas a República, tal como foi prometida no início, falhou redondamente. Não foi prevertida, atenção. Falhou porque quem fez as promessas iniciais já não tinha qualquer intenção de as manter. Sobraram as eleições para todos os cargos de topo. Só isso.
Mas neste momento, as festas de celeração da República suscitam-me e a milhões de portugueses a mesma paixão que a comemoração da Descoberta do Brasil ou da invenção do animatógrafo. É curioso, não mais que isso, e é confrangedor ver as televisões fazerem directos atrás de directos das celebrações, em que meia dúzia de pacóvios ouvem um concerto dos inenarráveis Amália Hoje enquanto esperam que alguém lhes venha dar um isqueiro ou um avental de plástico.
Tenham juízo, e tenham vegonha do que fizeram com as promessas da República.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
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3 comentários:
Continuo a oferecer um prémio a quem me diga o que raio são "os valores republicanos", a "ética republicana", com que as múmias do regime estilo pateta Alega e Almeida Santos tanto gostam de encher a boca no seu melhor tom falsete-ma-non-tropo.
(Por falar no Almeida Santos, que o gajo dissesse que aeroporto na margem sul não dá porque o Bin Laden ainda nos dinamitava as duas pontes, ainda vá, mas agora vir dizer que o povo "TAMBÉM" tem de sofrer as crises como o pobre governo, o gajo está completamente gagá e esclerosado e alguém o devia enfiar duma vez no asilo de reformados do PS)
Na verdade, mesmo quem é de esquerda não se deve iludir quanto à natureza destes revolucionários, que eram mais burguesotes do que qualquer Portas dos dias de hoje. A I República proibiu e reprimiu as greves, enfiou-nos numa guerra mundial só para divulgar internacionalmente o novo regime, manteve o voto censitário (e há uma coisa que às feministas causa muito incómodo, mas é pura verdade: quem permitiu pela primeira vez o voto das mulheres foi esse campeão da igualdade de género... Salazar), deixou o erário público a saque, colonizou o aparelho de Estado pela máfia maçónica, perseguiu a imprensa da oposição, arrastou este país pela lama de tal modo que o povo, cada vez que uma ditadura se avizinhava, primeiro com o Sidónio, depois com a ditadura militar e o Salazar, aplaudiu nas ruas - estava por tudo, desde que nos livrassem daquela corja.
Comparo os países ocidentais, mais a sua paixão por revoluções e promessas sempre incumpridas de redenção pelo último grito do cardápio ideológico, a uma gaja histriónica, constantemente no rebound, que salta de relação em relação e devido à baixa auto-estima só arranja gajos que lhe arreiam na tromba.
Agora comparem com um país como a Inglaterra, onde a folia revolucionária não entra desde o século XVII, onde o progresso se faz de evoluções e não de sobressaltos, e verão quão mais democrático, quão mais livre é o povo britânico em comparação com os povos de qualquer das patéticas repúblicas continentais, mais a sua poeirenta iconografia jacobina de empréstimo que já não convence ninguém.
A discussão república-monarquia já aqui foi tida longamente. Parece-me que subjacente está uma diferença de perspectiva, entre o que é fundamental num Estado:
Se fazemos prevalecer os princípios em estado puro sobre a sua aplicação prática e se vemos a democracia como um fim em si mesmo, que deve aproximar-se tanto quanto possível do seu estado mais avançado e estar presente em todos os domínios do estado, só a defesa da república é coerente.
Se considerarmos que a democracia é um método, um meio para a estabilidade, prosperidade e respeito pelos direitos fundamentais, estamos dispostos a temperá-la com outros elementos, buscando o equilíbrio entre as funçoes do Estado - que se faz, já dizia Aristóteles, incorporando elementos de democracia, de oligarquia e de monarquia. E se uma coisa se pode dizer da monarquia é que ela é um sistema extremamente pragmático e inteligente: "aproveita-se" do instinto natural, humano, que cada um tem de querer deixar aos filhos algo melhor do que recebeu. Não é como se 5 anos depois viesse outro gajo para o qual se está a cagar - é um filho que vai herdar esse trono. Agora que este tasco foi assolado por um surto de parentalidade, creio que será um argumento que todos compreenderão. E creio que, aliado ao bom-senso que é próprio desse povo, faz a superioridade da democracia inglesa face a qualquer das suas congéneres continentais.
A todos, um abraço e um excelente Dia do Centenário da Resistência Monárquica!
man, estragaste tudo com as últimas frases. Sobretudo a última...
FUCK THE REPUBLIC!!
FOGO POSTO AOS CARROS AFECTADOS AO ESTADO E AOS DIRIGENTES PUBLICOS, CORTE DE 20% ? CORTE DE 100% NOS XULOS!! PASSE SOCIAL PARA TODOS E COMECAVA-SE LOGO QUANDO O ALMEIDA SANTOS PERGUNTA ONDE MAIS SE PODE CORTAR- NO TEU CARRO DE SERVICO POR EXEMPLO!
E MAIS, MAS NAO VOU FAZER DISSERTACAO-TESE DE DOUTORAMENTO FUNANANGAL NEM POUCO MAIS OU MENOS.....
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