Este país, se não existisse, tinha de ser inventado.
Ora então diz que foi criada uma autoridade toda xpto e mais ou menos independente para fiscalizar duas coisas: as obras públicas/parcerias publico-privadas e as contas públicas. É uma coisa tão independente que, como é habitual, o PS indicou um gajo para a primeira área (Oliveira Martins) e o PSD para a segunda (António Pinto Barbosa).
Este Pinto Barbosa ficou, assim, encarregue de chefiar a comissão para criar a entidade que vai fiscalizar as contas públicas. Até aqui tudo bem.
Até que o Públicou noticiou, hoje, que este reputado professor de Economia /Finanças, foi durante 10 anos presidente do conselho fiscal do BPP. Ou seja, era a sua função fiscalizar a actividade do banco e certificar as suas contas. E este senhor, em 10 anos, não conseguiu detectar nenhuma das inúmeras trafulhices do João Rendeiro, num caso que acabou com a primeira falência de um banco português em, pelo menos, 20 anos.
Ou seja, andamos à procura de um gajo muita bom para fiscalizar as contas do Estado português, de forma a que tudo seja confiável, transparente e à prova de bala. E o que arranjamos? O gajo que, durante 10 anos não foi capaz de encontrar nada de errado no BPP. Ah, 10 anos durante os quais a sua função era...ver se havia alguma coisa de errado com o BPP.
Porreiro, pá.
Isto vem tudo do mesmo problema original.
Há no máximo 500 gajos que, em Portugal, mandam nesta merda toda. Advogados, gestores, deputados, "professores", assessores, consultores. Vivem à sombra dos partidos e do Estado, e vão arranjando poiso nesta e naquela empresa, neste ou naquele instituto, neste ou naquele ministério. Mesmo os tipos como Pinto Barbosa, professor universitário conceituado, acaba por sucumbir, aceitar uns cargos porque sim, porque dão dinheiro e pouca chatice. No caso do BPP, não vou ao ponto de dizer que ele sabia das trafulhices. Mas mostrou, no mínimo, ser um incompetente. O problema é que só há 500 gajos, e muitas empresas e institutos. Portanto eles vão rodando uns com os outros (veja-se o caso do Mário Lino, que é agora presidente do conselho fiscal dos seguros da CGD ou de Manuel Pinho, que anda a dar aulas nos States patrocinadas pela EDP e de quem se diz poder vir a ser o próximo presidente da CGD). Eles vão rodando e, na verdade, não estão nos cargos para fazer seja o que for. Estão para não chatear e encher os bolsos, e depois trocam. Este senhor não terá sido criminoso, mas terá sido pouco sério no seu trabalho. Estava lá para papar o salário, e mais nada. E como este há os outros 500.
Este país vive manietado e dominado por esta pseudo-elite, de Varas e Dias Loureiros, de cargo em cargo, de incompetência em incompetência, de nada em nada. Mas sempre enchendo-se bem, e a gente a pagar.
Não há gente boa em Portugal? Há, e muita, e muito boa. É a geração mais qualificada de sempre em Portugal, e que trabalha por 500 euros e a recibos verdes. E nunca na vida vão ter uma vida digna ou um cargo de responsabilidade onde possam demonstrar as suas capacidades e fazer a diferença em prol de todos nós. Porque os lugares estão todos ocupados por estas nulidades, que dia a dia vão cavando cada vez mais o fosso onde nos querem enterrar.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Queria só acrescentar que este tipo ser nomeado para fiscalizar as contas do país seria tão impensável como, por exemplo, nomear o Constâncio para o BCE, com o pelouro da supervisão...
Tanto um caso como o outro é como pôr o Paulo Pedroso a presidir à Comissão Nacional de Protecção das Crianças e Jovens em Risco!
Enviar um comentário