domingo, 6 de julho de 2003

A morte do Romance

É com uma grande consternação e lágrimas nos olhos que anúncio em definitivo "A morte do Romance". Faleceu ontem aos 58 anos O único, O Incomparavél, O Grande... grande não, Enorme Barry White.

Barry White que deixou para a posterioridade temas como "You're my first, my last, my everything" e "Can't get enough of your love", entre muitos outros grandiosos temas musicais, entendia como ninguém o Romance, aliás o Romance nasceu com o Barry, foi ele que inventou a palavra.

A partir de hoje os homens não mais poderão presentear as suas amadas com belos e requintados serões, em que ambos deitados em frente à lareira sobre um tapete feito de urso polar genuíno, se deleitavam a trocar mimos enquanto bebiam um Chateaubriand de um ano qualquer ridiculo (por ex. 1214), enquanto ouviam a discografia completa do Senhor Romance.

Hoje, ainda não refeito do choque, remeto para sempre para o museu das recordações, o meu róbe de seda vermelho, o meu cachimbo e os discos do Barry. Para mim também o Romance morreu, sem o mestre ele não faz sentido e o celibato ou as putas são o que se segue.

Não pense o estimado leitor, que por o vosso e abnegado escriba ao mencionar nas suas recordações, as lareiras e os Chateaubriand's de que o Barry era elitista. Nada de mais enganador, o Barry tocava a todos de um mesmo modo com a sua mão amiga, desde as mansões na Lapa aos sacos-cama no Casal Ventoso. O Barry estava lá e sempre esteve. O Barry sabia!

Mesmo os mais desfavorecidos sabiam apreciar Barry em todo o seu esplendor, mesmo que em vez do róbe de seda e do cachimbo tivessem um róbe do Pagapouco oferecido p'lo Natal pela avó e meio maço de SG Filtro, ou que se em vez do tapete de urso polar e lareira tivessem uma singela carpete lilás comprada nas Alcatifas Petróleo à beira da EN 125 e um irradiador a óleo.

O Barry não se importava com isso. Não lhe importava que fosse tocado na melhor das aparelhagens ou num reles rádiozinho AM. O que importava é que o Romance vivia.

Ontem o maquiavélico destino pregou-nos uma partida, ao Barry, ao Romance e a todos nós. Levou-nos o Barry e agora estamos sós, como o estavamos antes do Barry nos ter ensinado como viver.

Adeus amigo, nunca te esqueceremos.

p.s. Aos leitores que se questionam se não haverá esperança na ressureição do Romance p'la mão de Vitor Espadinha, a mensagem que vos deixo é a seguinte: O Romance morreu ontem com o Barry. O Vitor Espadinha nunca passou d'um desatento aluno do Mestre. Vitor não é Romance, Vitor é engate foleiro.

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