quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

One of the very best


Morreu ontem um dos melhores escritores que tive a felicidade de ler, e parte da razão pela qual sou obcecado com a literatura americana do século XX.

JD Salinger bateu a bota aos 91 anos. Confesso que só descobri que estava vivo há uns seis meses atrás. Um escritor e fã sueco decidiu escrever uma sequela da obra-prima de Salinger, "The Catcher in the Rye", agarrando nas personagens que fizeram tantos, eu incluído, gostar de literatura.

Salinger, que vivia há décadas em total reclusão, deu sinal de vida, ao anunciar um processo judicial contra o tal autor sueco.

"Atão este cabrão está vivo e nunca mais escreveu nada?!", foi a minha reacção imediata.

É que dele li tudo o que apanhei, e não foi muito: "For Esmé, with love and squalor", "Raise high the roofbeam, carpenters", "Seymour" e "Fanny and Zooey", para além do fabuloso "The Catcher in the Rye", provavelmente a melhor primeira obra de sempre, em igualdade pontual e de golos com "Less than zero", do Bret Easton Ellis.

Eu, fã egoísta e nojento, ao ouvir falar da sua morte, só espero que algum herdeiro sem escrúpulos e sedento de guita decida publicar quaisquer inéditos que o velhadas tivesse guardado.

Fica a minha homenagem a um grande, grande escritor.

6 comentários:

o homem do estupefacto amarelo disse...

"He glanced at the girl lying asleep on one of the twin beds. Then he went over to one of the pieces of luggage, opened it, and from under a pile of shorts and undershirts he took out an Ortgies calibre 7.65 automatic. He released the magazine, looked at it, then reinserted it. He cocked the piece. Then he went over and sat down on the unoccupied twin bed, looked at the girl, aimed the pistol, and fired a bullet through his right temple." Terá também ele morrido assim?

João Freire disse...

És capaz de ser o gajo certo para me explicar o fascínio do Salinger. É capaz de estar a escapar-me qualquer pormenor verdadeira grande, e apenas li The Catcher in the Rye... Mas ia com expectativas tão altas e achei o romance limitado... Fora o mimmicking da expressão oral do puto, que está bem feita... Mas sem ser um romance que vive da linguagem, do estilo, o enredo - pré-adolescente da classe média que resolve fugir de casa, mas regressa ao fim de dia, desistindo por crença num papel no mundo que seria desempenhado em casa junto da irmã (dito assim, mais parece uma bolotice do Stephen King - para quem não conhece, não se assustem, há mais arte do que isto). Mas nem tem um leit-motif forte (uma de duas abordagens possíveis a um romance 'de demanda'), nem o niihilismo dele te cativa com carisma a acompanhar (tipo os protagonistas do Bukowski, do Céline, do Burroughs em 'Junkie' e 'Queer' - para falar de gajos da mesma 'família literária'). Eh pá, mas admito que o mal seja meu. E rói-me ouvir falar tão bem sem perceber porquê.

Little Bastard disse...

Camarada,

em primeiro lugar, foda-se! é bom ver-te por estes lados.

Depois, tu sabes tão bem como eu que explicar o fascínio de um escritor, ou de uma banda, é muito difícil. E sobretudo a ti, que respiras livros tanto quanto eu. Em relação aos gajos de que falaste - e confesso que ainda não apanhei bem a mestria do Céline - o Salinger é muito mais clássico. É mais sóbrio no estilo, muito mais próximo de Fitzgerald do que de Burroughs.
Não sei explicar, é um dizer aparentes banalidades, acontecimentos, pouco misticismo, e dizer muito com isso. E sobretudo com um estilo impecável.
Lê o Esmé, talvez fique mais claro.

Um grande abraço atónito.

Leitor Angustiado disse...

Só faltava esta merda tornar-se um clube de discussão literária. Paneleiragem do caralho.

funafunanga disse...

'I guess I read for a lot of reasons, but the main one is so I don't end up being a fucking waffle waitress'
http://www.youtube.com/watch?v=Uvs2g5Nj0NI

Fim da trip literária. Então e esse benfas?

o olheiro disse...

um dos melhores centrais que passou pelo barreirense. Emprestado pelos estudiantes. Partiu a perna na última jornada da temporada 45/46 e tornou-se escritor. Um desperdício.