segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Jogo de Espelhos

A malta anda confusa, e não é para menos.
Veja-se o comportamento do último par romântico da política nacional, José Sócrates e Pedro Passos Coelho.
O primeiro, depois de anos a favorecer os privados e a desmantelar o Estado Social, faz deste a sua bandeira. Depois de anos a esbanjar a nossa guita, em favores aos muitos amigos xuxas/maçons que controlam este país, de repente tornou-se no Mr. Scrooge, avarento e resmungão. Em 2009, em plena crise e ano de 3 eleições, deu o maior aumento da década aos funcionários públicos, defendendo uma política expansionista e classificando de louca Manuela Ferreira Leite, que pregava equilíbrio e austeridade. E agora faz o que criticava, sendo o melhor exemplo o corte das deduções fiscais dos PPR, defendido há um ano por Louçã e na altura ferozmente rejeitado por Sócrates.
Por outro lado, Passos Coelho passou tempo todo - tirando aquele em que ia dando tiros nos pés, nos braços e na própria tola - a pedir mais austeridade. A dizer - e com razão - que o Governo não fazia qualquer consolidação das contas públicas, que era preciso cortar no investimento, TGV's, etc. Agora que Sócrates decidiu corrigir toda a sua incompetência com um corte a direito, que afecta sobretudo os mais pobres, Passos Coelho já não gosta, diz que é austeridade a mais.
A verdade é que, em teoria, está tudo errado. É normal e tradicional no PSD que peça consolidação, menos investimento. E é normal que o PS, supostamente de esquerda, defenda mais gastos do Estado, mais investimento, mais apoios sociais.
O problema é que, devido a necessidades e tácticas eleitorais, as prioridades mudaram, e está tudo misturado, quando não está mesmo ao contrário.
Na verdade, Passos Coelho e José Sócrates são Jekyll e Hide, duas faces da mesma moeda, de "O Médico e o Monstro". Infelizmente nenhum é médico para curar este país.
Infelizmente ambos são o monstro. 

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