quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
E ainda há quem diga que o Mercado não dá resposta a todas as necessidades
"Um rapaz americano de 13 anos, que terá matado a namorada do pai quando tinha apenas 11, enfrenta a possibilidade de vir a passar o resto da sua vida na prisão. (...) A criança terá usado a sua própria caçadeira - um modelo especialmente concebido para ser usado por crianças - para levar a cabo o assassinato."
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
O socialista disléxico
O Governo acaba de anunciar o plano de baixar brutalmente a indemnização mínima a pagar pelas empresas quando despedem um trabalhador.
E pronto, agora tornem isto numa medida favorável aos trabalhadores. Mais, tornem isto numa medida de política de Esquerda.
Não é fácil, pois não?
Não, mas o Governo de Sócrates, o cara de pau-mor da república nacional, decidiu tentar.
Diz a gnoma Helena André que "atentado aos trabalhadores é não fazermos nada" e que "estas medidas visam promover a criação de emprego".
Fantástico.
É claro que esta medida foi aplaudida pelos patrões e, basicamente, rejeitada pelos sindicatos (atenção, não confundir com a UGT). Que surpresa.
Diz o Governo que está a fazer isto porque somos o país da Europa com maior indemnização por despedimento, o que aparentemente é uma coisa má. E que estamos a mudar o sistema para o que existe em Espanha.
Curiosamente, não estamos a tentar mudar os salários para os que existem em Espanha...
Mas há outro requinte: isto só se aplica aos novos contratos. Num país com o número de desempregados e sobretudo precários que este país tem, de facto esta medida ajuda muito. Mais, esta medida vai penalizar sobretudo aqueles que não conseguem entrar no mercado de trabalho, aqueles que compõem, como digo sempre, a geração mais qualificada de sempre em Portugal.
Num momento em que a emigração jovem dispara, em que os nossos rapazes e raparigas, depois de décadas a estudar, são expulsos do nosso país para outros que, reconhecendo o mérito, os recebem de braços abertos, neste momento o que temos para lhes dizer?
É isto. É isto que temos para lhes dar.
E a cereja em cima do bolo é a hipocrisia de defender que (mais) esta paulada é boa para nós. Podiam assumir, há que cortar e tal. Mas não, fazem isto porque é espectacular e defende os direitos dos trabalhadores.
É a dislexia dos xuxalistas, que confundem Esquerda e direita com uma desfaçatez que já não surpreende.
E pronto, agora tornem isto numa medida favorável aos trabalhadores. Mais, tornem isto numa medida de política de Esquerda.
Não é fácil, pois não?
Não, mas o Governo de Sócrates, o cara de pau-mor da república nacional, decidiu tentar.
Diz a gnoma Helena André que "atentado aos trabalhadores é não fazermos nada" e que "estas medidas visam promover a criação de emprego".
Fantástico.
É claro que esta medida foi aplaudida pelos patrões e, basicamente, rejeitada pelos sindicatos (atenção, não confundir com a UGT). Que surpresa.
Diz o Governo que está a fazer isto porque somos o país da Europa com maior indemnização por despedimento, o que aparentemente é uma coisa má. E que estamos a mudar o sistema para o que existe em Espanha.
Curiosamente, não estamos a tentar mudar os salários para os que existem em Espanha...
Mas há outro requinte: isto só se aplica aos novos contratos. Num país com o número de desempregados e sobretudo precários que este país tem, de facto esta medida ajuda muito. Mais, esta medida vai penalizar sobretudo aqueles que não conseguem entrar no mercado de trabalho, aqueles que compõem, como digo sempre, a geração mais qualificada de sempre em Portugal.
Num momento em que a emigração jovem dispara, em que os nossos rapazes e raparigas, depois de décadas a estudar, são expulsos do nosso país para outros que, reconhecendo o mérito, os recebem de braços abertos, neste momento o que temos para lhes dizer?
É isto. É isto que temos para lhes dar.
E a cereja em cima do bolo é a hipocrisia de defender que (mais) esta paulada é boa para nós. Podiam assumir, há que cortar e tal. Mas não, fazem isto porque é espectacular e defende os direitos dos trabalhadores.
É a dislexia dos xuxalistas, que confundem Esquerda e direita com uma desfaçatez que já não surpreende.
Ainda o cartão do cidadão
"Como se sabe o nº do eleitor?
A informação do nº de eleitor pode ser obtida neste portal (Saiba Onde Votar), através da Internet (http://recenseamento.mai.gov.pt), via SMS (escreva a seguinte mensagem: RE nº identificação civil sem check-digit data de nascimento AAAAMMDD, exemplo: RE 1444880 19531007 e envie para 3838) e na sua Junta Freguesia, que para o efeito está aberta no dia da eleição".
Este parágrafo foi retirado do site oficial das eleições.
De facto, temos idosos muito estúpidos em Portugal. Atão sabem ir à net e não entendem uma mensagem tão clara como esta?
A informação do nº de eleitor pode ser obtida neste portal (Saiba Onde Votar), através da Internet (http://recenseamento.mai.gov.pt), via SMS (escreva a seguinte mensagem: RE nº identificação civil sem check-digit data de nascimento AAAAMMDD, exemplo: RE 1444880 19531007 e envie para 3838) e na sua Junta Freguesia, que para o efeito está aberta no dia da eleição".
Este parágrafo foi retirado do site oficial das eleições.
De facto, temos idosos muito estúpidos em Portugal. Atão sabem ir à net e não entendem uma mensagem tão clara como esta?
Nem mais
"A abritragem nacional está dentro dos padrões de satisfação", diz este senhor.
Para este "senhor", com toda a certeza...
Apresento...
...a nova aquisição do blog.
Este sistema sofisticado é óptimo para manter a higiene do tasco. Uma passagem e elimina todas as bactérias, fungos e carlos carvalhos que não devem trabalhar para estarem sempre prontos a parasitar qualquer palavra.
O que é lindo é que, num click, se apaga toda a merda que alguns boçais complexados passaram o dia a fazer, coitaditos.
Mas é assim.
Isto é que é simplex!
Este sistema sofisticado é óptimo para manter a higiene do tasco. Uma passagem e elimina todas as bactérias, fungos e carlos carvalhos que não devem trabalhar para estarem sempre prontos a parasitar qualquer palavra.
O que é lindo é que, num click, se apaga toda a merda que alguns boçais complexados passaram o dia a fazer, coitaditos.
Mas é assim.
Isto é que é simplex!
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Quem, eu?
Este incompetente que aqui está é o actual ministro da Administração Interna. Foi o senhor que, entre outras coisas, desenhou a revisão do Código de Processo Penal, com resultados desastrosos em termos de segurança pública. É o senhor que deixa os ladrões fugir e obriga os polícias a comprar as próprias fardas e algemas. É o senhor que defendeu que os blindados eram essenciais para a cimeira da Nato, e que só a muito custo, semanas depois, denunciou o contrato. E é o senhor que lidera o ministério responsável pela barraca inaceitável do cartão do cidadão nestas eleições.
Depois de chamar idiotas aos portugueses, negando qualquer problema significativo, viu-se forçado a admitir que sim, talvez se tenha passado alguma coisa.
Qual a medida?
Vai abrir um inquérito.
Qual vai ser o resultado do inquérito?
Eu adivinho.
Vai arranjar uma desculpa técnica qualquer, culpar a empresa do sistema informático, uma merda qualquer. E nada vai acontecer.
Esta não é uma questão técnica, é uma questão política. Que, obviamente, tem de ter consequências políticas. Que, obviamente, passam pela demissão deste borra-botas, que só está onde está por muitos e subterrâneos serviços prestados ao PS.
Chamem-me quadrado, mas brincar com as eleições, para mim, passa o limite. Haja vergonha.
Depois de chamar idiotas aos portugueses, negando qualquer problema significativo, viu-se forçado a admitir que sim, talvez se tenha passado alguma coisa.
Qual a medida?
Vai abrir um inquérito.
Qual vai ser o resultado do inquérito?
Eu adivinho.
Vai arranjar uma desculpa técnica qualquer, culpar a empresa do sistema informático, uma merda qualquer. E nada vai acontecer.
Esta não é uma questão técnica, é uma questão política. Que, obviamente, tem de ter consequências políticas. Que, obviamente, passam pela demissão deste borra-botas, que só está onde está por muitos e subterrâneos serviços prestados ao PS.
Chamem-me quadrado, mas brincar com as eleições, para mim, passa o limite. Haja vergonha.
Business as usual
Passadas as eleições, tudo está na mesma.
O presidente é o mesmo, o governo é o mesmo, o Porto continua a ganhar jogos com penaltis inventados e o Pillas-Gordas a não conseguir abrir a boca sem falar do Benfica.
O presidente é o mesmo, o governo é o mesmo, o Porto continua a ganhar jogos com penaltis inventados e o Pillas-Gordas a não conseguir abrir a boca sem falar do Benfica.
Naturalidade
Os resultados da eleição de hoje, com uma ou outra rara excepção, foram absolutamente naturais e esperados.
O que não quer dizer, claramente, que tenham sido positivos para o nosso país, mas isso são contas de outro rosário.
Comecemos pelos vencedores, que creio terem sido três.
Em primeiro lugar, Cavaco.
Não foi uma vitória retumbante, há que dizê-lo. Na verdade, Cavaco é eleito para um segundo mandato, à frente de 10,5 milhões de portugueses, graças ao voto de menos de 3 milhões de portugueses. Ficou à beira dos 53%, o suficiente para estar folgado, mas isto acabou por não ser completamente o passeio que ele próprio esperava. Foi, aliás, essa expectativa inicial que o levou a enveredar por uma série de disparates, quando se sentiu pressionado. De qualquer forma, com todos os candidatos contra si, não é honesto desvalorizar o facto de ter sido eleito à primeira volta e de ter ganho em todos os distritos do país. Como pontos negativos, para além do tabu BPN e da sua declaração de honestidade acima de qualquer ser do universo, fica para a história o seu miserável discurso de vitória. Centrado num "vai buscar!", de vingançazinha contra aqueles que, legitimamente, se atreveram a criticá-lo. O país ficou para segundo plano, em mais uma demonstração de que está muito longe de ser um homem com visão de Estado, apesar de tudo o que dizem os seus acólitos.
Em segundo lugar, Fernando Nobre. Vindo do nada, claramente sem talento político e com sérias dificuldades em expressar-se, acabou por fazer um grande resultado. Foi até emocionante ver que as pessoas que o rodeavam, na sua sede de campanha, estavam genuinamente solidárias com o seu líder, de uma forma que nenhuma outra candidatura foi capaz de fazer. Fez uma campanha desigual, amadora, enfim, tudo aquilo que se esperaria tendo em conta todas as limitações (inclusive as suas). Mas foi um movimento realmente humanista, e valeu claramente a pena. Fez, naturalmente, o discurso mais espontâneo da noite, com tudo o que isso tem de bom e de mau. Eu gostei, porque francamente estou farto do tacticismo e da formatação monolítica da política portuguesa.
Por último, José Manuel Coelho. Teve mais de 5% dos votos, conseguindo atrair um interessante voto de protesto. Cada um tem o Tiririca que merece, e este incendiário lunático foi uma verdadeira lufada de ar fresco nesta campanha. Ninguém o conhecia fora da Madeira, e o seu resultado é mais um cartão amarelo ao sistema partidário e aos protagonistas bafientos do costume.
Depois os derrotados.
Em primeiro lugar, claro, Manuel Alegre. Ficou longe, muito longe de ter sido uma ameaça credível à hegemonia de Cavaco. Pode discutir-se se foi demérito seu ou culpa do PS ou até do Bloco. A verdade é que a sua campanha nunca arrancou realmente, nunca teve realmente ímpeto, uma onda que a levasse. Não percebeu que o milhão de votos que teve há cinco anos se deveu ao facto de, então, ter aparecido realmente como independente. Desbaratou completamente essa força - e desiludiu muito boa gente - quando apareceu a, pouco subtilmente, mendigar o apoio do PS. PS que, na verdade, o abandonou. Não é possível defender o Estado Social e aparecer de braço dado com o Sócrates. A mentira é demasiado descarada, e tinha de dar mau resultado.
Depois, outro derrotado foi Francisco Louçã. Fez um discurso algo desfasado da realidade, como habitualmente, mas importante em termos de mensagem. Piscou claramente o olho a uma grande união da esquerda, como eu nunca o tinha visto fazer de forma tão explícita. Mas tem um problema: inclui aí o PS, e o PS de Sócrates de esquerda não tem nada. Talvez noutro tempo, com outra gente, talvez isso venha a fazer sentido. A derrota estrondosa de Alegre pode atrasar muitos anos essa união, porque o PS vai ver ainda mais o Bloco como uma coisa peçonhenta. Esta experiência correu mal, o Bloco acrescentou pouco ao candidato. E poderá ainda ter alienado muitos dos habituais votantes bloquistas, que não terão gostado desta colagem aos xuxas. A seu favor, duas coisas. Primeiro, o facto de o Bloco ter estado, claramente, empenhado de corpo e alma nesta campanha. Perderam, mas não foi por falta de esforço. A segunda, a imagem do final da noite, com Louçã a confortar Alegre, quando este parecia um homem terrivelmente só. Ficou-lhe bem, essa solidariedade na hora da derrota.
Para Defensor de Moura, bastam duas frases. Uma derrota esperada de uma candidatura irrelevante e que foi, sempre, um equívoco.
Por último, para mim o grande derrotado destas eleições. Na minha opinião, foi José Sócrates.
O seu discurso foi miserável, mentiroso, falacioso, bacoco. Mestre na cara de pau, conseguiu transformar a derrota do candidato apoiado pelo PS numa espécie de vitória sua. Veja-se a sua primeira frase: "Os portugueses, com esta votação, optaram pela continuidade, pela estabilidade", meaning "os portugueses querem que continue tudo como está". O que é uma óbvia mentira, e ele sabe-o melhor que ninguém. No seu discurso, Alegre estendeu-lhe a mão e Sócrates, sentindo o beijo da morte do derrotado, limitou-se a fazer um sorriso amarelo. Esteve com Alegre o tempo estritamente necessário, mas fazendo sempre questão de não se associar muito. Saiu por outra porta, porque "nobody likes a loser".
Foi também, e sobretudo, a derrota de Sócrates pela forma vergonhosa como estas eleições se processaram, pelos motivos que expliquei no post anterior. Lamentável o que se passou, ainda mais lamentáveis as declarações de responsáveis do PS, sobretudo o inenarrável ministro Rui Pereira, tapando o sol com a peneira. Pensar que o PS, que historicamente reclama para si a democracia nacional, pactou com esta absoluta vergonha, é mau demais para ser verdade. No mínimo, exige-se a demissão de Rui Pereira. Já chega de insultos à nossa maltratada democracia.
Algumas notas finais:
1 - Inacreditável um dos repórteres da SIC, Bernardo Ferrão. Esteve toda a tarde à porta de Cavaco, a encher chouriços com empenho mas de forma ridícula, sempre a bater punhetas a prometer que, quando Cavaco saísse, ele ia na motinha da SIC a acompanhar. Who the fuck cares?! O rapazote falou da janela com os estores fechados, falou da marquise, falou dos sobretudos. Depois, finalmente na motinha, Cavaco obviamente não lhe abriu o vidro, deixando o idiota a falar sozinho. Meus amigos das televisões, dinamismo não é necessariamente sinónimo de patetice. Grow up.
2 - Uma palavra para Chico Lopes. Não ganhou nem perdeu. Teve mais do que eu esperava e, contando apenas com os votos comunistas, teve um resultado aceitável. A campanha foi cinzenta, como ele. Mas séria, o que já não é mau.
3 - Portas, ridiculo, a por-se em bicos de pés para reclamar para si atenção e mérito na vitória, muito unipessoal, de Cavaco Silva. Fez o costumeiro apelo a uma reflexão dos partidos, dados os valores da abstenção. Seria bom se ele falasse a sério.
4 - Passos Coelho foi autor do discurso mais sereno e inteligente da noite. Foi claramente um vencedor, fingindo-se sempre que não estava em qualquer corrida. O seu discurso, replicando o de Sócrates, foi muito bom. A diferença é que ele, do lado vencedor, aparece como o magnânime, dizendo que é preciso estabilidade e que estas não foram primárias para umas próximas legislativas. Sócrates, dizendo o mesmo mas do lado perdedor, pareceu um ilusionista fajuto, desesperado e suplicante.
Disclaimer: votei Fernando Nobre.
O que não quer dizer, claramente, que tenham sido positivos para o nosso país, mas isso são contas de outro rosário.
Comecemos pelos vencedores, que creio terem sido três.
Em primeiro lugar, Cavaco.
Não foi uma vitória retumbante, há que dizê-lo. Na verdade, Cavaco é eleito para um segundo mandato, à frente de 10,5 milhões de portugueses, graças ao voto de menos de 3 milhões de portugueses. Ficou à beira dos 53%, o suficiente para estar folgado, mas isto acabou por não ser completamente o passeio que ele próprio esperava. Foi, aliás, essa expectativa inicial que o levou a enveredar por uma série de disparates, quando se sentiu pressionado. De qualquer forma, com todos os candidatos contra si, não é honesto desvalorizar o facto de ter sido eleito à primeira volta e de ter ganho em todos os distritos do país. Como pontos negativos, para além do tabu BPN e da sua declaração de honestidade acima de qualquer ser do universo, fica para a história o seu miserável discurso de vitória. Centrado num "vai buscar!", de vingançazinha contra aqueles que, legitimamente, se atreveram a criticá-lo. O país ficou para segundo plano, em mais uma demonstração de que está muito longe de ser um homem com visão de Estado, apesar de tudo o que dizem os seus acólitos.
Em segundo lugar, Fernando Nobre. Vindo do nada, claramente sem talento político e com sérias dificuldades em expressar-se, acabou por fazer um grande resultado. Foi até emocionante ver que as pessoas que o rodeavam, na sua sede de campanha, estavam genuinamente solidárias com o seu líder, de uma forma que nenhuma outra candidatura foi capaz de fazer. Fez uma campanha desigual, amadora, enfim, tudo aquilo que se esperaria tendo em conta todas as limitações (inclusive as suas). Mas foi um movimento realmente humanista, e valeu claramente a pena. Fez, naturalmente, o discurso mais espontâneo da noite, com tudo o que isso tem de bom e de mau. Eu gostei, porque francamente estou farto do tacticismo e da formatação monolítica da política portuguesa.
Por último, José Manuel Coelho. Teve mais de 5% dos votos, conseguindo atrair um interessante voto de protesto. Cada um tem o Tiririca que merece, e este incendiário lunático foi uma verdadeira lufada de ar fresco nesta campanha. Ninguém o conhecia fora da Madeira, e o seu resultado é mais um cartão amarelo ao sistema partidário e aos protagonistas bafientos do costume.
Depois os derrotados.
Em primeiro lugar, claro, Manuel Alegre. Ficou longe, muito longe de ter sido uma ameaça credível à hegemonia de Cavaco. Pode discutir-se se foi demérito seu ou culpa do PS ou até do Bloco. A verdade é que a sua campanha nunca arrancou realmente, nunca teve realmente ímpeto, uma onda que a levasse. Não percebeu que o milhão de votos que teve há cinco anos se deveu ao facto de, então, ter aparecido realmente como independente. Desbaratou completamente essa força - e desiludiu muito boa gente - quando apareceu a, pouco subtilmente, mendigar o apoio do PS. PS que, na verdade, o abandonou. Não é possível defender o Estado Social e aparecer de braço dado com o Sócrates. A mentira é demasiado descarada, e tinha de dar mau resultado.
Depois, outro derrotado foi Francisco Louçã. Fez um discurso algo desfasado da realidade, como habitualmente, mas importante em termos de mensagem. Piscou claramente o olho a uma grande união da esquerda, como eu nunca o tinha visto fazer de forma tão explícita. Mas tem um problema: inclui aí o PS, e o PS de Sócrates de esquerda não tem nada. Talvez noutro tempo, com outra gente, talvez isso venha a fazer sentido. A derrota estrondosa de Alegre pode atrasar muitos anos essa união, porque o PS vai ver ainda mais o Bloco como uma coisa peçonhenta. Esta experiência correu mal, o Bloco acrescentou pouco ao candidato. E poderá ainda ter alienado muitos dos habituais votantes bloquistas, que não terão gostado desta colagem aos xuxas. A seu favor, duas coisas. Primeiro, o facto de o Bloco ter estado, claramente, empenhado de corpo e alma nesta campanha. Perderam, mas não foi por falta de esforço. A segunda, a imagem do final da noite, com Louçã a confortar Alegre, quando este parecia um homem terrivelmente só. Ficou-lhe bem, essa solidariedade na hora da derrota.
Para Defensor de Moura, bastam duas frases. Uma derrota esperada de uma candidatura irrelevante e que foi, sempre, um equívoco.
Por último, para mim o grande derrotado destas eleições. Na minha opinião, foi José Sócrates.
O seu discurso foi miserável, mentiroso, falacioso, bacoco. Mestre na cara de pau, conseguiu transformar a derrota do candidato apoiado pelo PS numa espécie de vitória sua. Veja-se a sua primeira frase: "Os portugueses, com esta votação, optaram pela continuidade, pela estabilidade", meaning "os portugueses querem que continue tudo como está". O que é uma óbvia mentira, e ele sabe-o melhor que ninguém. No seu discurso, Alegre estendeu-lhe a mão e Sócrates, sentindo o beijo da morte do derrotado, limitou-se a fazer um sorriso amarelo. Esteve com Alegre o tempo estritamente necessário, mas fazendo sempre questão de não se associar muito. Saiu por outra porta, porque "nobody likes a loser".
Foi também, e sobretudo, a derrota de Sócrates pela forma vergonhosa como estas eleições se processaram, pelos motivos que expliquei no post anterior. Lamentável o que se passou, ainda mais lamentáveis as declarações de responsáveis do PS, sobretudo o inenarrável ministro Rui Pereira, tapando o sol com a peneira. Pensar que o PS, que historicamente reclama para si a democracia nacional, pactou com esta absoluta vergonha, é mau demais para ser verdade. No mínimo, exige-se a demissão de Rui Pereira. Já chega de insultos à nossa maltratada democracia.
Algumas notas finais:
1 - Inacreditável um dos repórteres da SIC, Bernardo Ferrão. Esteve toda a tarde à porta de Cavaco, a encher chouriços com empenho mas de forma ridícula, sempre a bater punhetas a prometer que, quando Cavaco saísse, ele ia na motinha da SIC a acompanhar. Who the fuck cares?! O rapazote falou da janela com os estores fechados, falou da marquise, falou dos sobretudos. Depois, finalmente na motinha, Cavaco obviamente não lhe abriu o vidro, deixando o idiota a falar sozinho. Meus amigos das televisões, dinamismo não é necessariamente sinónimo de patetice. Grow up.
2 - Uma palavra para Chico Lopes. Não ganhou nem perdeu. Teve mais do que eu esperava e, contando apenas com os votos comunistas, teve um resultado aceitável. A campanha foi cinzenta, como ele. Mas séria, o que já não é mau.
3 - Portas, ridiculo, a por-se em bicos de pés para reclamar para si atenção e mérito na vitória, muito unipessoal, de Cavaco Silva. Fez o costumeiro apelo a uma reflexão dos partidos, dados os valores da abstenção. Seria bom se ele falasse a sério.
4 - Passos Coelho foi autor do discurso mais sereno e inteligente da noite. Foi claramente um vencedor, fingindo-se sempre que não estava em qualquer corrida. O seu discurso, replicando o de Sócrates, foi muito bom. A diferença é que ele, do lado vencedor, aparece como o magnânime, dizendo que é preciso estabilidade e que estas não foram primárias para umas próximas legislativas. Sócrates, dizendo o mesmo mas do lado perdedor, pareceu um ilusionista fajuto, desesperado e suplicante.
Disclaimer: votei Fernando Nobre.
domingo, 23 de janeiro de 2011
Second Life
Numa das eleições da nossa história em que, previsivelmente, a abstenção seria maior, nada melhor do que dificultar a vida aos casmurros dos eleitores que decidiram ir votar. Esses malandros, que insistem em ter uma palavra a dizer acerca do futuro do país, estavam a pedi-las!
Ora aí está.
Por todo o país, houve bronca.
Porquê?
Por causa do Cartão do Cidadão.
Essa maravilha da tecnologia portuguesa, primo do Magalhães e sobrinho do carro eléctrico, não só não serve para nada como conseguiu dar barraca na única ocasião em que tínhamos de o tirar do bolso.
O que aconteceu foi uma brutal confusão à volta do número de eleitor. O Cartão do Cidadão, que faz tudo qual Bimby dos documentos pessoais, não traz o número de eleitor. E quem foi votar só com o Cartão do Cidadão…lixou-se.
Noutros casos, o problema foi que, ao tirar o Cartão do Cidadão com o código postal da residência actualizado, as pessoas acabaram por ficar noutro local de voto. O problema é que ninguém lhes disse nada, e só perceberam hoje.
Por último, estavam disponíveis três maneiras de saber a merda do número de eleitor: internet, chamada telefónica e por sms. Sendo que, durante horas, nenhum dos sistemas conseguiu dar resposta aos imbecis que quiseram mesmo votar.
Eu próprio vi, no meu local de voto, uma fila de 50 pessoas no gabinete de apoio, para que soubessem onde votar. Nesse gabinete, o que se havia era um senhor ir à internet para descobrir a informação, sendo que o site…borregou. E assim se manteve pelo menos entre as 15 e as 17 horas.
Mais giro ainda foi, com o site bloqueado, haver um link que dizia “Ajude-nos a melhorar”. Cliquei e…não funcionava. Mais palavras para quê?
Muita gente virou costas e se pirou, algo que eu próprio presenciei (a minha mãe só não fez o mesmo porque insisti com ela para que aguentasse e votasse).
E é claro que já vieram as vozes tecnocráticas do regime socrático defender que a culpa é das pessoas, que não verificaram antecipadamente se tinha havido mudanças. Ou seja, a responsabilidade é dos próprios facínoras viciados em votos. Brilhante.
Os sistemas são construídos tendo em atenção quem os vai usar, em teoria. E quem iria usar este não era o Sócrates, o Bill Gates ou o Zé Magalhães. Eram os tugas, muitos deles idosos, que não podem/sabem aceder à internet ou mandar um sms. Quando a abstenção é um problema desta dimensão, votar tem de ser fácil, acessível, intuitivo. Não se pode dizer “tu és info-excluído, portanto não tens direito a votar”.
O problema é sempre o mesmo, e vem da obsessão de Sócrates de tornar este país “modernaço”, nem que tenha que nos matar a todos pelo caminho. Como sempre, é fogo de vista, um brilharete para dizer que fez algo, sem haver uma estrutura de base que o suporte, que torne a coisa realmente útil e utilizável quando é preciso. É, como de costume, construir a casa pelo telhado.
Há eleições com intervalos de anos. O que raio andou a malta a fazer durante este tempo, para isto dar agora esta barraca? Comissão Nacional de Eleições e Ministério da Administração Interna, que raio andaram a fazer? Temos milhares de portugueses tecnicamente impedidos de votar e ninguém se demite?
No mundo de Sócrates, todos vestem Armani e têm pelo menos um iPad, um iPhone, um GPS, três Magalhães e um Tamagotchi. Como tal, nunca lhe passou pela cabeça que os seus cidadãos não tivessem, todos, ido à internet saber qual era, agora, a sua mesa de voto. No mundo de Sócrates não há velhos, nem pobres, nem sem-abrigo. E nunca há falta de rede Wi-fi.
Sócrates vive no Second Life.
Aos seus olhos somos avatares, e não cidadãos.
Ora aí está.
Por todo o país, houve bronca.
Porquê?
Por causa do Cartão do Cidadão.
Essa maravilha da tecnologia portuguesa, primo do Magalhães e sobrinho do carro eléctrico, não só não serve para nada como conseguiu dar barraca na única ocasião em que tínhamos de o tirar do bolso.
O que aconteceu foi uma brutal confusão à volta do número de eleitor. O Cartão do Cidadão, que faz tudo qual Bimby dos documentos pessoais, não traz o número de eleitor. E quem foi votar só com o Cartão do Cidadão…lixou-se.
Noutros casos, o problema foi que, ao tirar o Cartão do Cidadão com o código postal da residência actualizado, as pessoas acabaram por ficar noutro local de voto. O problema é que ninguém lhes disse nada, e só perceberam hoje.
Por último, estavam disponíveis três maneiras de saber a merda do número de eleitor: internet, chamada telefónica e por sms. Sendo que, durante horas, nenhum dos sistemas conseguiu dar resposta aos imbecis que quiseram mesmo votar.
Eu próprio vi, no meu local de voto, uma fila de 50 pessoas no gabinete de apoio, para que soubessem onde votar. Nesse gabinete, o que se havia era um senhor ir à internet para descobrir a informação, sendo que o site…borregou. E assim se manteve pelo menos entre as 15 e as 17 horas.
Mais giro ainda foi, com o site bloqueado, haver um link que dizia “Ajude-nos a melhorar”. Cliquei e…não funcionava. Mais palavras para quê?
Muita gente virou costas e se pirou, algo que eu próprio presenciei (a minha mãe só não fez o mesmo porque insisti com ela para que aguentasse e votasse).
E é claro que já vieram as vozes tecnocráticas do regime socrático defender que a culpa é das pessoas, que não verificaram antecipadamente se tinha havido mudanças. Ou seja, a responsabilidade é dos próprios facínoras viciados em votos. Brilhante.
Os sistemas são construídos tendo em atenção quem os vai usar, em teoria. E quem iria usar este não era o Sócrates, o Bill Gates ou o Zé Magalhães. Eram os tugas, muitos deles idosos, que não podem/sabem aceder à internet ou mandar um sms. Quando a abstenção é um problema desta dimensão, votar tem de ser fácil, acessível, intuitivo. Não se pode dizer “tu és info-excluído, portanto não tens direito a votar”.
O problema é sempre o mesmo, e vem da obsessão de Sócrates de tornar este país “modernaço”, nem que tenha que nos matar a todos pelo caminho. Como sempre, é fogo de vista, um brilharete para dizer que fez algo, sem haver uma estrutura de base que o suporte, que torne a coisa realmente útil e utilizável quando é preciso. É, como de costume, construir a casa pelo telhado.
Há eleições com intervalos de anos. O que raio andou a malta a fazer durante este tempo, para isto dar agora esta barraca? Comissão Nacional de Eleições e Ministério da Administração Interna, que raio andaram a fazer? Temos milhares de portugueses tecnicamente impedidos de votar e ninguém se demite?
No mundo de Sócrates, todos vestem Armani e têm pelo menos um iPad, um iPhone, um GPS, três Magalhães e um Tamagotchi. Como tal, nunca lhe passou pela cabeça que os seus cidadãos não tivessem, todos, ido à internet saber qual era, agora, a sua mesa de voto. No mundo de Sócrates não há velhos, nem pobres, nem sem-abrigo. E nunca há falta de rede Wi-fi.
Sócrates vive no Second Life.
Aos seus olhos somos avatares, e não cidadãos.
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Por que raio vou votar em Fernando Nobre
Confesso que não sei muito bem.
Mas pronto, vou tentar explicar, porque isto talvez seja útil para mim.
Basicamente, como tantas vezes, é um processo de exclusão de partes.
Como tal, vamos por partes.
Começando por Cavaco, acho que não é preciso dizer muito. Mas bora lá.
O político no activo há mais anos na política, que diz que não é político. O impulsionador do nosso actual modelo económico, que deu o resultado que está à vista. E que agora diz que não tem nada a ver com isto. O tipo que se acha mais honesto que todos, embora tudo mostre o contrário. Um tecnocrata provinciano, sem cultura, sem mundo, sem qualquer lampejo de rasgo, de emoção, de nada. Em terra de cegos, quem tem meio olho é rei, e só isso justifica a sua popularidade, que diz muito do nosso país. O gajo que, durante cinco anos, permitiu a Sócrates destruir paulatinamente este país, e nada fez. E que agora ameaça que “agora é que é”, agora no segundo mandato é que vai trabalhar. Eu andei-lhe a pagar durante cinco anos para fazer o quê?
Depois há o Alegre. Uma fraude, um hipócrita, um cobarde pseudo-corajoso, que passou a vida a mamar na teta do PS e do poder, fingindo não ter nada a ver com aquele regabofe. Um tipo que não percebeu que, ao aceitar e pedir o apoio do PS, hipotecou qualquer hipótese de ser levado a sério por quem quer mudar alguma coisa. Defende o Estado Social, mas o PS mostrou ser o maior inimigo do Estado Social. Aparece como o regenerador do regime, como um candidato de “ruptura”, mas não é possível resolver a contradição entre isto e o facto de ser do PS, apoiado pelo PS, sustentado pelo PS. Os analistas já estão a culpar a associação ao Bloco pelo fracasso de Alegre. Mas estão a ver mal as coisas. A culpa do fracasso não é do Bloco, que nunca teria um candidato próprio com mais votos do que Alegre vai ter. A culpa é do PS e do próprio Alegre.
Chico Lopes é uma desilusão. Ainda pensei que pudesse haver o “efeito Jerónimo”: aparecer um gajo desconhecido mas cujo carisma natural pudesse entusiasmar. Mas não. Lopes é um gajo do aparelho, só. Não é mais nada, porque enquanto indivíduo não consegue mobilizar nada nem ninguém. Muito fraquinho. Dar-lhe o meu voto seria dizer ao PC “proponham um gajo qualquer, tanto faz, que eu dou-lhe o meu voto”. Mas eu prezo mais o meu voto do que isso. E quem acha que eu não vou pensar e dar-lhe o meu voto por ‘default’ está enganado.
Souto Moura nem sei bem o que anda para ali a fazer.
O Coelho é muito divertido e ainda bem que concorreu. Sempre animou as coisas.
E resta o Nobre. Como já disse, de cada vez que o homem fala fica mais perto de perder o meu voto. Por isso, e tendo em atenção o panorama alternativo, optei por não o ouvir. Basta-me saber que nunca mamou da política, que fez a sua vida e o seu percurso, que tem sensibilidade social e que, nisso, meteu mesmo mãos à obra. Só isso faz com que fique a milhas de distância dos outros todos. E acredito, sinceramente, que seja um homem livre e bem intencionado. E, neste momento, isso basta. Quando toda a gente diz mal dos partidos, creio que será uma boa mensagem que Nobre tenha uma boa votação. Para mostrar aos partidos que têm de mudar, que não é suficiente continuarem a agir da mesma maneira e oferecer-nos as mesmas más alternativas de sempre.
Domingo lá botarei a cruzinha. Para perder, mais uma vez.
Sem problemas.
Mas pronto, vou tentar explicar, porque isto talvez seja útil para mim.
Basicamente, como tantas vezes, é um processo de exclusão de partes.
Como tal, vamos por partes.
Começando por Cavaco, acho que não é preciso dizer muito. Mas bora lá.
O político no activo há mais anos na política, que diz que não é político. O impulsionador do nosso actual modelo económico, que deu o resultado que está à vista. E que agora diz que não tem nada a ver com isto. O tipo que se acha mais honesto que todos, embora tudo mostre o contrário. Um tecnocrata provinciano, sem cultura, sem mundo, sem qualquer lampejo de rasgo, de emoção, de nada. Em terra de cegos, quem tem meio olho é rei, e só isso justifica a sua popularidade, que diz muito do nosso país. O gajo que, durante cinco anos, permitiu a Sócrates destruir paulatinamente este país, e nada fez. E que agora ameaça que “agora é que é”, agora no segundo mandato é que vai trabalhar. Eu andei-lhe a pagar durante cinco anos para fazer o quê?
Depois há o Alegre. Uma fraude, um hipócrita, um cobarde pseudo-corajoso, que passou a vida a mamar na teta do PS e do poder, fingindo não ter nada a ver com aquele regabofe. Um tipo que não percebeu que, ao aceitar e pedir o apoio do PS, hipotecou qualquer hipótese de ser levado a sério por quem quer mudar alguma coisa. Defende o Estado Social, mas o PS mostrou ser o maior inimigo do Estado Social. Aparece como o regenerador do regime, como um candidato de “ruptura”, mas não é possível resolver a contradição entre isto e o facto de ser do PS, apoiado pelo PS, sustentado pelo PS. Os analistas já estão a culpar a associação ao Bloco pelo fracasso de Alegre. Mas estão a ver mal as coisas. A culpa do fracasso não é do Bloco, que nunca teria um candidato próprio com mais votos do que Alegre vai ter. A culpa é do PS e do próprio Alegre.
Chico Lopes é uma desilusão. Ainda pensei que pudesse haver o “efeito Jerónimo”: aparecer um gajo desconhecido mas cujo carisma natural pudesse entusiasmar. Mas não. Lopes é um gajo do aparelho, só. Não é mais nada, porque enquanto indivíduo não consegue mobilizar nada nem ninguém. Muito fraquinho. Dar-lhe o meu voto seria dizer ao PC “proponham um gajo qualquer, tanto faz, que eu dou-lhe o meu voto”. Mas eu prezo mais o meu voto do que isso. E quem acha que eu não vou pensar e dar-lhe o meu voto por ‘default’ está enganado.
Souto Moura nem sei bem o que anda para ali a fazer.
O Coelho é muito divertido e ainda bem que concorreu. Sempre animou as coisas.
E resta o Nobre. Como já disse, de cada vez que o homem fala fica mais perto de perder o meu voto. Por isso, e tendo em atenção o panorama alternativo, optei por não o ouvir. Basta-me saber que nunca mamou da política, que fez a sua vida e o seu percurso, que tem sensibilidade social e que, nisso, meteu mesmo mãos à obra. Só isso faz com que fique a milhas de distância dos outros todos. E acredito, sinceramente, que seja um homem livre e bem intencionado. E, neste momento, isso basta. Quando toda a gente diz mal dos partidos, creio que será uma boa mensagem que Nobre tenha uma boa votação. Para mostrar aos partidos que têm de mudar, que não é suficiente continuarem a agir da mesma maneira e oferecer-nos as mesmas más alternativas de sempre.
Domingo lá botarei a cruzinha. Para perder, mais uma vez.
Sem problemas.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Show me the money
Cavaco Silva, esse animal, diz que "uma segunda volta seria demasiado dispendiosa para o país".
De facto, a democracia às vezes tem destas chatices.
De facto, a democracia às vezes tem destas chatices.
Semântica
Traficantes ocultam gás-pimenta no ânus.
Depois disto, a expressão "Pimenta no cu dos outros é refresco" acaba de adquirir todo um novo sentido.
PS - gosto muito da parte da notícia em que um senhor da polícia diz "os reclusos brasileiros têm muito esta mania".
Pois.
Depois disto, a expressão "Pimenta no cu dos outros é refresco" acaba de adquirir todo um novo sentido.
PS - gosto muito da parte da notícia em que um senhor da polícia diz "os reclusos brasileiros têm muito esta mania".
Pois.
Só temos o que merecemos...
...e ainda nos queixamos.
Se ainda dúvidas houvesse:
Cavaco Silva um homem do povo.
Pateta Alegre, o bardo invertebrado, último defensor da democracia e do povo, mas que não lhe toca porque a plebe nojo lhe mete, o verdadeiro cão gordo e velho que lambe qualquer mão que lhe dê um belo prato de comida, mas nada de bofes nem arroz trinca.
Fernando Nobre, é uma grande surpresa de facto, o quão what the fuck ele é, devia de ter continuado lá longe no ultramar a ajudar aonde as desgraças e as doenças acontecem.
As cinzas do Carlos Castro na sarjeta em Nova Iorque.
O Cabeça-de-Cotonete, o Costinha e o enforcado Paulo Sérgio.
A Lyonce Viiktória.
Os Scolaris, os Carlos Queirozes.
Os BPPs e os BPNs.
Os quinhentos gajos, que como o Bastardo disse e bem mandam nesta merda.
O José Manuel Coelho, o Jorge Coelho e a casa de férias do Cavaco na Coelha.
De que nos queixamos?
Estes Lusos são loucos!!!
Se ainda dúvidas houvesse:
Cavaco Silva um homem do povo.
Pateta Alegre, o bardo invertebrado, último defensor da democracia e do povo, mas que não lhe toca porque a plebe nojo lhe mete, o verdadeiro cão gordo e velho que lambe qualquer mão que lhe dê um belo prato de comida, mas nada de bofes nem arroz trinca.
Fernando Nobre, é uma grande surpresa de facto, o quão what the fuck ele é, devia de ter continuado lá longe no ultramar a ajudar aonde as desgraças e as doenças acontecem.
As cinzas do Carlos Castro na sarjeta em Nova Iorque.
O Cabeça-de-Cotonete, o Costinha e o enforcado Paulo Sérgio.
A Lyonce Viiktória.
Os Scolaris, os Carlos Queirozes.
Os BPPs e os BPNs.
Os quinhentos gajos, que como o Bastardo disse e bem mandam nesta merda.
O José Manuel Coelho, o Jorge Coelho e a casa de férias do Cavaco na Coelha.
De que nos queixamos?
Estes Lusos são loucos!!!
Presidenciais: A grande questão a que ainda ninguém deu resposta
O Fernando Nobre anda bêbado ou ele é mesmo assim?
Um luxo
Há uns dias não resisti e comprei a última edição da Mojo.
Não concordo com algumas das escolhas, como aconteceria sempre (a número 1 é "After the Goldrush"), mas é um prazer ler o que músicos como Thurston Moore ou Stone Gossard interpretam das suas músicas preferidas. De qualquer forma, deixo aqui o meu número um em termos de Neil Young. É preciso tempo para a ouvir, deixar assentar, divagar. Mas vale a pena.
"Cortez, the Killer", do album "Zuma".
Quando dou comigo a pensar que a Blitz até é uma bela revista (e é, pelos padrões nacionais), aparece-me sempre uma Mojo, uma Q ou uma Uncut, que me mostra o que é uma publicação exemplar, feita por gente que, no mínimo, ama tanto a música como eu. Na Blitz, infelizmente, os tipos que escrevem estão mais empenhados em mostrar que sabem imenso de música e que são muito interessantes, mas não têm o calor e o carinho que vejo, por exemplo, na Mojo.
A edição deste mês tem como tema principal o Neil Young. Para além de um cd de homenagem ao grande "Harvest", com bandas diferentes a fazerem covers das músicas, traz uma bela entrevista com o homem himself e uma lista das 50 melhores músicas dele, escolhidas e comentadas por outros músicos. Não concordo com algumas das escolhas, como aconteceria sempre (a número 1 é "After the Goldrush"), mas é um prazer ler o que músicos como Thurston Moore ou Stone Gossard interpretam das suas músicas preferidas. De qualquer forma, deixo aqui o meu número um em termos de Neil Young. É preciso tempo para a ouvir, deixar assentar, divagar. Mas vale a pena.
"Cortez, the Killer", do album "Zuma".
Forte com os fracos
Esta história dos sindicalistas detidos seria risível se não fosse grave.
Obviamente houve um excesso de força na repressão...na repressão de quê, pensando bem? De uma tentativa de invasão de São Bento? De um ataque a Sócrates, que nem sequer estava em Lisboa?
Não se percebe muito bem.
A não ser que os senhores polícias disseram que "daqui não se passa" e pumba, houve uns tipos que passaram e pronto, lá tiveram as autoridades que dar na corneta a esses perigosos facínoras.
Tudo é estúpido, mas as porraditas, de tão ridículas e inadmissíveis que são, até as aceito. Quem as apanhou teve a honra de levar a protestar contra esta merda de Governo, e isso é bastante bom.
Mas o pior que tudo é a detenção por "crime de desobediência", que é só o crime (?) mais burocrata e pussy que existe. Tipo "eu mandei para ali e tu não foste, seu malandro".
Não sei bem o que aconteceu. Se os ânimos se exaltaram e os senhores polícias se deixaram levar pela ânsia de malhar em sindicalistas, esses perigosos comunas. O que sei é que isto é muito triste num país que está na situação em que nós estamos.
Quando toda a gente devia era estar na rua a agredir ministros e a partir merdas a sério, esta é a resposta à "célebre serenidade" do povo português. Não só somos mansos como, da única vez em que dois gatos pingados metem o pé para lá do risco, tunga, presos e com porrada no lombo.
Ainda mantenho a esperança de que a malta acorde e leve isto ao próximo nível. E aí quero ver o senhor geninho sinaleiro, de bloco de multas na mão, a tentar acusar milhares de pessoas dessa coisa gravíssima chamada "desobediência".
Obviamente houve um excesso de força na repressão...na repressão de quê, pensando bem? De uma tentativa de invasão de São Bento? De um ataque a Sócrates, que nem sequer estava em Lisboa?
Não se percebe muito bem.
A não ser que os senhores polícias disseram que "daqui não se passa" e pumba, houve uns tipos que passaram e pronto, lá tiveram as autoridades que dar na corneta a esses perigosos facínoras.
Tudo é estúpido, mas as porraditas, de tão ridículas e inadmissíveis que são, até as aceito. Quem as apanhou teve a honra de levar a protestar contra esta merda de Governo, e isso é bastante bom.
Mas o pior que tudo é a detenção por "crime de desobediência", que é só o crime (?) mais burocrata e pussy que existe. Tipo "eu mandei para ali e tu não foste, seu malandro".
Não sei bem o que aconteceu. Se os ânimos se exaltaram e os senhores polícias se deixaram levar pela ânsia de malhar em sindicalistas, esses perigosos comunas. O que sei é que isto é muito triste num país que está na situação em que nós estamos.
Quando toda a gente devia era estar na rua a agredir ministros e a partir merdas a sério, esta é a resposta à "célebre serenidade" do povo português. Não só somos mansos como, da única vez em que dois gatos pingados metem o pé para lá do risco, tunga, presos e com porrada no lombo.
Ainda mantenho a esperança de que a malta acorde e leve isto ao próximo nível. E aí quero ver o senhor geninho sinaleiro, de bloco de multas na mão, a tentar acusar milhares de pessoas dessa coisa gravíssima chamada "desobediência".
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Cara de Pau
Manuel Alegre diz, a propósito da mais que previsível vitória de Cavaco Silva, que há "o risco de o país resvalar para formas de autoritarismo".
Queria só recordar ao senhor Manuel Alegre que este senhor aqui abaixo é seu apoiante e secretário-geral do seu partido.
Queria só recordar ao senhor Manuel Alegre que este senhor aqui abaixo é seu apoiante e secretário-geral do seu partido.
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Caro (E)leitor
Caro (E)leitor.
Você sabia que hoje é o seu dia?
É verdade. Descobri hoje que as segundas-feiras são “Dia de contacto com o eleitor”, para os deputados da nossa brilhante nação. Ou seja, é um dia em que a AR está às moscas, só às moscas, porque a merda não está lá. Não está lá porque, naturalmente num dia colado ao fim de semana, está em “contacto com o eleitor”. É claro que, para um senhor deputado, contactar o eleitor pode ser, por exemplo, tomar o pequeno-almoço com a sua esposa. Por exemplo.
Eu cá, eleitor como vós, não me lembro de ser contactado por qualquer deputado. E, na verdade, não acho que me deva queixar. Imaginem que me calhava o Zé Lello.
Seja como for, caso se lembrem de mim numa das próximas segundas-feiras, deixo aqui a sugestão de quem me deve contactar: a deputada comunista Rita Rato ou, em caso de impossibilidade desta, enfim, vá lá, a Ana Drago. Não me mandem a Teggy Caeiro! Repeat: NÃO ME MANDEM A TEGGY CAEIRO!
Você sabia que hoje é o seu dia?
É verdade. Descobri hoje que as segundas-feiras são “Dia de contacto com o eleitor”, para os deputados da nossa brilhante nação. Ou seja, é um dia em que a AR está às moscas, só às moscas, porque a merda não está lá. Não está lá porque, naturalmente num dia colado ao fim de semana, está em “contacto com o eleitor”. É claro que, para um senhor deputado, contactar o eleitor pode ser, por exemplo, tomar o pequeno-almoço com a sua esposa. Por exemplo.
Eu cá, eleitor como vós, não me lembro de ser contactado por qualquer deputado. E, na verdade, não acho que me deva queixar. Imaginem que me calhava o Zé Lello.
Seja como for, caso se lembrem de mim numa das próximas segundas-feiras, deixo aqui a sugestão de quem me deve contactar: a deputada comunista Rita Rato ou, em caso de impossibilidade desta, enfim, vá lá, a Ana Drago. Não me mandem a Teggy Caeiro! Repeat: NÃO ME MANDEM A TEGGY CAEIRO!
Compreensível ou intolerável?
Tendo em atenção que não tenho uma noite minimamente decente no último mês e meio, fará de mim mau pai referir-me à minha filha como "A Chuckie"?
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
O socialista semi-frio
Como tantas vezes tem acontecido, Manuel Alegre vem com uma boa intenção e acaba a dizer um disparate.
Agora foi a desertificação do interior do país. Considero, como ele, que este é um dos problemas mais perigosos e injustos com que nos deparamos. Ele falou, e bem, desta questão.
Divergimos é, totalmente, na solução.
Disse hoje o senhor que mudou de ideias e está na altura de se repensar a regionalização. Não há nada de errado em mudar de ideias. Aqui, o problema está mesmo na regionalização.
Não é possível e é até muito perigoso tomarmos qualquer decisão sem estarmos conscientes, sempre, de que estamos em Portugal. Portanto, uma boa ideia só o será depois de pensarmos como será feita em Portugal, e os seus méritos continuarem a superar as suas desvantagens.
Ora num país como Portugal, a regionalização seria, só, um jackpot de 300 mil créditos para se instalar toda uma clique de boys, dinossauros, caciques e seus seguidores, dar-lhes poder e dinheiro, e assim condições para se fortificarem numa torre de corrupção por muitos e bons anos.
É claro que temos de resolver a aberração da desertificação do interior de um país pequeno, em que tudo é perto, o que torna a situação ainda mais estúpida.
Mas para isso não é preciso regionalização.
Basta o partido do senhor Alegre deixar de fechar escolas e hospitais a torto e a direito, e deixar de torrar o dinheiro todo em merdas que não servem para nada, e investir algum dele no interior (e não é estradas, caralho, já há estradas que cheguem!).
Agora foi a desertificação do interior do país. Considero, como ele, que este é um dos problemas mais perigosos e injustos com que nos deparamos. Ele falou, e bem, desta questão.
Divergimos é, totalmente, na solução.
Disse hoje o senhor que mudou de ideias e está na altura de se repensar a regionalização. Não há nada de errado em mudar de ideias. Aqui, o problema está mesmo na regionalização.
Não é possível e é até muito perigoso tomarmos qualquer decisão sem estarmos conscientes, sempre, de que estamos em Portugal. Portanto, uma boa ideia só o será depois de pensarmos como será feita em Portugal, e os seus méritos continuarem a superar as suas desvantagens.
Ora num país como Portugal, a regionalização seria, só, um jackpot de 300 mil créditos para se instalar toda uma clique de boys, dinossauros, caciques e seus seguidores, dar-lhes poder e dinheiro, e assim condições para se fortificarem numa torre de corrupção por muitos e bons anos.
É claro que temos de resolver a aberração da desertificação do interior de um país pequeno, em que tudo é perto, o que torna a situação ainda mais estúpida.
Mas para isso não é preciso regionalização.
Basta o partido do senhor Alegre deixar de fechar escolas e hospitais a torto e a direito, e deixar de torrar o dinheiro todo em merdas que não servem para nada, e investir algum dele no interior (e não é estradas, caralho, já há estradas que cheguem!).
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
E agora...
...para algo de completamente assustador.
Melhor que a Ana Badalhoa, só a sua filha, com o magnífico nome de Índia (sim, tipo o país) Malhoa.
Diz que também é cantora (sim, há quem diga que a mãe é cantora e não apenas modelo de calendários de pneus) e que vai lançar um disco (para o lixo? para o espaço? a esperança permanece).
Quem está à espera de ver uma mini-slut, só ficará parcialmente desiludido. Será que já fez a primeira tatuagem na bunda?
Melhor que a Ana Badalhoa, só a sua filha, com o magnífico nome de Índia (sim, tipo o país) Malhoa.
Diz que também é cantora (sim, há quem diga que a mãe é cantora e não apenas modelo de calendários de pneus) e que vai lançar um disco (para o lixo? para o espaço? a esperança permanece).
Quem está à espera de ver uma mini-slut, só ficará parcialmente desiludido. Será que já fez a primeira tatuagem na bunda?
Tenha a bondade de m'auxiliar
E pronto, lá enganámos mais uns tótós que compraram a nossa dívida. Coisa pouca, 1,25 mil milhões de euros, o nosso fix semanal.
Há que dizer que pagámos muito, mas menos do que se chegou a temer. É excessivo clamar vitória, como fez Sócrates, mas nas actuais circunstâncias foi uma prestação digna. Empatámos 0-0. Esperava-se pior.
A questão, no fundo, é bem simples:
Estamos a pedir dinheiro emprestado ao estrangeiro a uma taxa de 6,7% ao ano. Tendo em atenção que o nosso PIB, a nossa "riqueza", não cresce mas sim diminui, isto dificilmente pode ser visto como uma boa notícia.
A verdade é que nós podemos continuar a financiar-nos a este custo ainda por muitos meses. A consequência é, nos próximos anos, pagarmos um balúrdio em juros (ainda mais do que o balúrdio que já pagamos). Por outro lado, há a possibilidade de recorrermos ao fundo de estabilização europeia e ao FMI. Estes emprestam-nos dinheiro a taxas de juro ligeiramente mais baratas (na melhor das hipóteses) mas, em troca, sucedem duas coisas: é o descalabro da credibilidade económico-financeira de Portugal, assustando potenciais investidores durante alguns anos; e temos de aceitar o tratamento de choque que eles exigem para nos emprestar dinheiro. Ora perante a austeridade que já estamos a sofrer na pele, isto seria desagradável, digamos assim.
A questão é que o FMI só vem se nós pedirmos. Mais concretamente se Sócrates pedir. Mas Sócrates nunca na vida - só em último caso - aceitaria perder a face desta maneira, sair do poder pela porta pequena, como o tipo que nos meteu nas garras do FMI. Acontece que ele já nos arruinou, que é o que interessa, o FMI acaba por ser apenas um detail, uma questão de honra ou desonra para Sócrates. Para nós pode ser mais um dildo com picos pelo cu acima.
Mas chegará o ponto em que estaremos a pagar ainda mais do que pagamos actualmente. E aí a questão é de uma simplicidade chocante: ou continuamos a financiar-nos a preços altíssimos, que nos vão foder à bruta durante três gerações; ou recorremos ao FMI, financiando-nos mais barato mas passando por um processo mais duro de ajustamento no curto prazo.
Acontece que Sócrates só obrigado aceitaria este último cenário. Preferirá arruinar-nos durante décadas, até porque não vai ser ele a pagar.
PS - Adorei ver, um dia antes, Alegre exultar com os números do défice anunciados pelo Pinócrates mas depois, curiosamente, a recusar-se a comentar a projecção de recessão para o nosso país, da autoria do Banco de Portugal
PS2 - Depois da emissão de hoje, Cavaco não resistiu. O homem não pode mesmo ver ninguém brilhar mais que ele, e fez questão de vir, indirectamente, desvalorizar os resultados, dizendo que é importante é saber quem comprou a dívida. Um comentário desnecessário deste grande homem de Estado...
Há que dizer que pagámos muito, mas menos do que se chegou a temer. É excessivo clamar vitória, como fez Sócrates, mas nas actuais circunstâncias foi uma prestação digna. Empatámos 0-0. Esperava-se pior.
A questão, no fundo, é bem simples:
Estamos a pedir dinheiro emprestado ao estrangeiro a uma taxa de 6,7% ao ano. Tendo em atenção que o nosso PIB, a nossa "riqueza", não cresce mas sim diminui, isto dificilmente pode ser visto como uma boa notícia.
A verdade é que nós podemos continuar a financiar-nos a este custo ainda por muitos meses. A consequência é, nos próximos anos, pagarmos um balúrdio em juros (ainda mais do que o balúrdio que já pagamos). Por outro lado, há a possibilidade de recorrermos ao fundo de estabilização europeia e ao FMI. Estes emprestam-nos dinheiro a taxas de juro ligeiramente mais baratas (na melhor das hipóteses) mas, em troca, sucedem duas coisas: é o descalabro da credibilidade económico-financeira de Portugal, assustando potenciais investidores durante alguns anos; e temos de aceitar o tratamento de choque que eles exigem para nos emprestar dinheiro. Ora perante a austeridade que já estamos a sofrer na pele, isto seria desagradável, digamos assim.
A questão é que o FMI só vem se nós pedirmos. Mais concretamente se Sócrates pedir. Mas Sócrates nunca na vida - só em último caso - aceitaria perder a face desta maneira, sair do poder pela porta pequena, como o tipo que nos meteu nas garras do FMI. Acontece que ele já nos arruinou, que é o que interessa, o FMI acaba por ser apenas um detail, uma questão de honra ou desonra para Sócrates. Para nós pode ser mais um dildo com picos pelo cu acima.
Mas chegará o ponto em que estaremos a pagar ainda mais do que pagamos actualmente. E aí a questão é de uma simplicidade chocante: ou continuamos a financiar-nos a preços altíssimos, que nos vão foder à bruta durante três gerações; ou recorremos ao FMI, financiando-nos mais barato mas passando por um processo mais duro de ajustamento no curto prazo.
Acontece que Sócrates só obrigado aceitaria este último cenário. Preferirá arruinar-nos durante décadas, até porque não vai ser ele a pagar.
PS - Adorei ver, um dia antes, Alegre exultar com os números do défice anunciados pelo Pinócrates mas depois, curiosamente, a recusar-se a comentar a projecção de recessão para o nosso país, da autoria do Banco de Portugal
PS2 - Depois da emissão de hoje, Cavaco não resistiu. O homem não pode mesmo ver ninguém brilhar mais que ele, e fez questão de vir, indirectamente, desvalorizar os resultados, dizendo que é importante é saber quem comprou a dívida. Um comentário desnecessário deste grande homem de Estado...
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Mera coincidência
Tentei evitar, durante cinco anos, mas hoje o meu gato perdeu as bolas.
E não, não teve nada a ver com o Carlos Castro.
E não, não teve nada a ver com o Carlos Castro.
Um mau serviço
A campanha tem sido fraquinha, mas tão fraquinha como a campanha só a prestação da grande maioria da nossa comunicação social. Depois de semana e meia a martelar frenetica e desconexamente a palavra BPN, com perguntas ridículas e absurdas e sem ir ao ponto, temos outro exemplo da imaturidade, de idade e intelectual, dos nossos jornalistas políticos.
Manuel Alegre disse, ontem à noite que, perante a situação dos juros da nossa dívida, aceitaria que Cavaco Silva interrompesse a campanha para fazer contactos institucionais com outros chefes de Estado, se este assim achasse conveniente. Disse duas coisas: que compreenderia se Cavaco o fizesse e que, caso isto acontecesse, também ele suspenderia as suas acções de campanha.
Eu até nem achei a ideia má de todo, achei uma boa jogada de Alegre, meter a bola no campo de Cavaco e dar um estilo de homem de Estado.
Mas quais foram os títulos dos jornais e noticiários seguintes?
"Alegre pede suspensão de campanha", "Alegre quer campanha suspensa", etc, etc.
Ou seja, conseguiram fazer da frase de Alegre - que compreendia e apoiaria se Cavaco o decidisse fazer - uma aparente demonstração de fraqueza, tipo "ele está tão desesperado que até quer que o Cavaco suspenda a campanha".
Não foi inocente. Não digo que foi para prejudicar deliberadamente Alegre, acho que foi apenas para ter um título mais forte, mais sexy.
Mas as palavras são poderosas, importantes e sensíveis, e os jornalistas deviam saber isto melhor do que ninguém. Se não sabem, são incompetentes. Se sabem e fizeram isto, são desonestos.
Foi (mais) um mau serviço.
Manuel Alegre disse, ontem à noite que, perante a situação dos juros da nossa dívida, aceitaria que Cavaco Silva interrompesse a campanha para fazer contactos institucionais com outros chefes de Estado, se este assim achasse conveniente. Disse duas coisas: que compreenderia se Cavaco o fizesse e que, caso isto acontecesse, também ele suspenderia as suas acções de campanha.
Eu até nem achei a ideia má de todo, achei uma boa jogada de Alegre, meter a bola no campo de Cavaco e dar um estilo de homem de Estado.
Mas quais foram os títulos dos jornais e noticiários seguintes?
"Alegre pede suspensão de campanha", "Alegre quer campanha suspensa", etc, etc.
Ou seja, conseguiram fazer da frase de Alegre - que compreendia e apoiaria se Cavaco o decidisse fazer - uma aparente demonstração de fraqueza, tipo "ele está tão desesperado que até quer que o Cavaco suspenda a campanha".
Não foi inocente. Não digo que foi para prejudicar deliberadamente Alegre, acho que foi apenas para ter um título mais forte, mais sexy.
Mas as palavras são poderosas, importantes e sensíveis, e os jornalistas deviam saber isto melhor do que ninguém. Se não sabem, são incompetentes. Se sabem e fizeram isto, são desonestos.
Foi (mais) um mau serviço.
domingo, 9 de janeiro de 2011
Boa semana, malta!
Para começar a semana, nada como partilharmos o momento sempre mágico da primeira moca de uma criança.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
2011
De acordo com todos os prognósticos, o ano de 2011 vai ser uma merda.
Se é para estar triste e miserável, que a minha banda sonora seja esta.
O meu fado preferido na voz da enorme Amália.
Se é para estar triste e miserável, que a minha banda sonora seja esta.
O meu fado preferido na voz da enorme Amália.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Wikilegre
Segundo a Wikileaks, o que dizia, em 2009, o grande esquerdalho Alegre ao embaixador norte-americano, acerca da pseudo-intenção de se separar do PS e fazer um partido realmente de Esquerda?
"One of the old lions of the left wing of the Socialist Party, Manuel Alegre, is often said to want to form his own party in rebellion against the centrist-drifting PS. He tells us privately that is not the case, although he would not rule it out publicly just yet".
Ah, valente!
"One of the old lions of the left wing of the Socialist Party, Manuel Alegre, is often said to want to form his own party in rebellion against the centrist-drifting PS. He tells us privately that is not the case, although he would not rule it out publicly just yet".
Ah, valente!
Kids
A campanha atingiu um nível que nem eu, pessimista por natureza, esperaria.
Estamos ao nível da birra e da parvoíce de crianças no jardim-escola.
Começou tudo com o Cavaco e o BPN, que considero relativamente irrelevante perante a única questão que interessa nesta campanha: vão ou não mandar o Sócrates borda fora?
E isto já era foleiro, sobretudo porque, até agora, ninguém teve a coragem de fazer a acusação: Cavaco foi beneficiado com um ganda negócio em troca de favores políticos que terá prestado a Oliveira Costa.
Porque ou estamos a falar disto, e tem de se assumir, ou então nada disto interessa. É especulação, barulho, culpa por associação, etc. Eu odeio o Cavaco e adoro vê-lo em apuros e fodido da vida por se sentir apertado. Mas isto está a ser parvo.
Mas conseguiu ficar mais parvo, quando a Teggy, aquela deputada do PP que era para ser secretária de Estado do Mar e acabou na Justiça, veio falar do Manuel Alegre e do BPP. Que ele não podia falar porque "deu a cara pelo BPP", outro banco envolvido em polémica, porque contribuiu com um texto literário para uma campanha publicitária do banco.
Para a opinião pública, isto é o que fica: "O Alegre fala das trafulhices do Cavaco no BPN mas ele também anda metido nas trapalhadas do BPP". É isto que fica, e serve o objectivo de desviar as atenções do caso Cavaco/BPN.
Mas isto é a verdadeira desonestidade. Ele prestou um serviço, e foi pago por isso, numa época em que ninguém sabia das trafulhices dentro do BPP. Não tinha acções, não tinha lá amigos políticos, nada. É o equivalente a ter ido lá pintar uma parede e ter sido pago por isso. Mais nada.
É claro que ele é um idiota e conseguiu enterrar-se todo, ao dar 3 explicações no mesmo dia, enredando-se em contradições. Mas já a própria insinuação é de um baixo nível intelectual que me choca.
A ideia é simples: mete-se Cavaco e BPN na mesma frase, ou Alegre e BPP na mesma fase, e isso chega para sujar, para enlamear.
Qualquer dia é o Passos Coelho ou o Sócrates que é um bandalho porque comeu um pastel de nata no café ao lado do BPN.
Descemos, colectivamente, ao nível mais baixo da nossa vida política. Todos: eleitores, candidatos, jornalistas.
Estamos todos alegremente a discutir o nada, o nada fabricado em gabinetes de gestores de campanha e consultores de comunicação, que sabem como é fácil lançar temas que, se pensarmos bem, interessam muito pouco.
Caminhamos alegremente para o abismo, mas com muito circo pelo caminho.
Ah, e no dia em que andámos nesta brincadeira, os juros da dívida nacional ultrapassaram os 7%, trazendo no ar um cheirinho a FMI.
Estamos ao nível da birra e da parvoíce de crianças no jardim-escola.
Começou tudo com o Cavaco e o BPN, que considero relativamente irrelevante perante a única questão que interessa nesta campanha: vão ou não mandar o Sócrates borda fora?
E isto já era foleiro, sobretudo porque, até agora, ninguém teve a coragem de fazer a acusação: Cavaco foi beneficiado com um ganda negócio em troca de favores políticos que terá prestado a Oliveira Costa.
Porque ou estamos a falar disto, e tem de se assumir, ou então nada disto interessa. É especulação, barulho, culpa por associação, etc. Eu odeio o Cavaco e adoro vê-lo em apuros e fodido da vida por se sentir apertado. Mas isto está a ser parvo.
Mas conseguiu ficar mais parvo, quando a Teggy, aquela deputada do PP que era para ser secretária de Estado do Mar e acabou na Justiça, veio falar do Manuel Alegre e do BPP. Que ele não podia falar porque "deu a cara pelo BPP", outro banco envolvido em polémica, porque contribuiu com um texto literário para uma campanha publicitária do banco.
Para a opinião pública, isto é o que fica: "O Alegre fala das trafulhices do Cavaco no BPN mas ele também anda metido nas trapalhadas do BPP". É isto que fica, e serve o objectivo de desviar as atenções do caso Cavaco/BPN.
Mas isto é a verdadeira desonestidade. Ele prestou um serviço, e foi pago por isso, numa época em que ninguém sabia das trafulhices dentro do BPP. Não tinha acções, não tinha lá amigos políticos, nada. É o equivalente a ter ido lá pintar uma parede e ter sido pago por isso. Mais nada.
É claro que ele é um idiota e conseguiu enterrar-se todo, ao dar 3 explicações no mesmo dia, enredando-se em contradições. Mas já a própria insinuação é de um baixo nível intelectual que me choca.
A ideia é simples: mete-se Cavaco e BPN na mesma frase, ou Alegre e BPP na mesma fase, e isso chega para sujar, para enlamear.
Qualquer dia é o Passos Coelho ou o Sócrates que é um bandalho porque comeu um pastel de nata no café ao lado do BPN.
Descemos, colectivamente, ao nível mais baixo da nossa vida política. Todos: eleitores, candidatos, jornalistas.
Estamos todos alegremente a discutir o nada, o nada fabricado em gabinetes de gestores de campanha e consultores de comunicação, que sabem como é fácil lançar temas que, se pensarmos bem, interessam muito pouco.
Caminhamos alegremente para o abismo, mas com muito circo pelo caminho.
Ah, e no dia em que andámos nesta brincadeira, os juros da dívida nacional ultrapassaram os 7%, trazendo no ar um cheirinho a FMI.
Isto é que assustar a clientela!!!
Isto aqui no Vodka é quase uma empresa familiar, com tratamento personalizado.
Como tal, queria dar as boas-vindas ao senhor Norberto Castro, que passou a seguir este nosso estimado blog. Apesar de, na sua fotografia, dar uns ares ao Rei Ghob, merece ser bem recebido como todos os outros misfits que aqui habitam.
Disponha.
Como tal, queria dar as boas-vindas ao senhor Norberto Castro, que passou a seguir este nosso estimado blog. Apesar de, na sua fotografia, dar uns ares ao Rei Ghob, merece ser bem recebido como todos os outros misfits que aqui habitam.
Disponha.
Sim, isto é verdade
Este país, se não existisse, tinha de ser inventado.
Ora então diz que foi criada uma autoridade toda xpto e mais ou menos independente para fiscalizar duas coisas: as obras públicas/parcerias publico-privadas e as contas públicas. É uma coisa tão independente que, como é habitual, o PS indicou um gajo para a primeira área (Oliveira Martins) e o PSD para a segunda (António Pinto Barbosa).
Este Pinto Barbosa ficou, assim, encarregue de chefiar a comissão para criar a entidade que vai fiscalizar as contas públicas. Até aqui tudo bem.
Até que o Públicou noticiou, hoje, que este reputado professor de Economia /Finanças, foi durante 10 anos presidente do conselho fiscal do BPP. Ou seja, era a sua função fiscalizar a actividade do banco e certificar as suas contas. E este senhor, em 10 anos, não conseguiu detectar nenhuma das inúmeras trafulhices do João Rendeiro, num caso que acabou com a primeira falência de um banco português em, pelo menos, 20 anos.
Ou seja, andamos à procura de um gajo muita bom para fiscalizar as contas do Estado português, de forma a que tudo seja confiável, transparente e à prova de bala. E o que arranjamos? O gajo que, durante 10 anos não foi capaz de encontrar nada de errado no BPP. Ah, 10 anos durante os quais a sua função era...ver se havia alguma coisa de errado com o BPP.
Porreiro, pá.
Isto vem tudo do mesmo problema original.
Há no máximo 500 gajos que, em Portugal, mandam nesta merda toda. Advogados, gestores, deputados, "professores", assessores, consultores. Vivem à sombra dos partidos e do Estado, e vão arranjando poiso nesta e naquela empresa, neste ou naquele instituto, neste ou naquele ministério. Mesmo os tipos como Pinto Barbosa, professor universitário conceituado, acaba por sucumbir, aceitar uns cargos porque sim, porque dão dinheiro e pouca chatice. No caso do BPP, não vou ao ponto de dizer que ele sabia das trafulhices. Mas mostrou, no mínimo, ser um incompetente. O problema é que só há 500 gajos, e muitas empresas e institutos. Portanto eles vão rodando uns com os outros (veja-se o caso do Mário Lino, que é agora presidente do conselho fiscal dos seguros da CGD ou de Manuel Pinho, que anda a dar aulas nos States patrocinadas pela EDP e de quem se diz poder vir a ser o próximo presidente da CGD). Eles vão rodando e, na verdade, não estão nos cargos para fazer seja o que for. Estão para não chatear e encher os bolsos, e depois trocam. Este senhor não terá sido criminoso, mas terá sido pouco sério no seu trabalho. Estava lá para papar o salário, e mais nada. E como este há os outros 500.
Este país vive manietado e dominado por esta pseudo-elite, de Varas e Dias Loureiros, de cargo em cargo, de incompetência em incompetência, de nada em nada. Mas sempre enchendo-se bem, e a gente a pagar.
Não há gente boa em Portugal? Há, e muita, e muito boa. É a geração mais qualificada de sempre em Portugal, e que trabalha por 500 euros e a recibos verdes. E nunca na vida vão ter uma vida digna ou um cargo de responsabilidade onde possam demonstrar as suas capacidades e fazer a diferença em prol de todos nós. Porque os lugares estão todos ocupados por estas nulidades, que dia a dia vão cavando cada vez mais o fosso onde nos querem enterrar.
Ora então diz que foi criada uma autoridade toda xpto e mais ou menos independente para fiscalizar duas coisas: as obras públicas/parcerias publico-privadas e as contas públicas. É uma coisa tão independente que, como é habitual, o PS indicou um gajo para a primeira área (Oliveira Martins) e o PSD para a segunda (António Pinto Barbosa).
Este Pinto Barbosa ficou, assim, encarregue de chefiar a comissão para criar a entidade que vai fiscalizar as contas públicas. Até aqui tudo bem.
Até que o Públicou noticiou, hoje, que este reputado professor de Economia /Finanças, foi durante 10 anos presidente do conselho fiscal do BPP. Ou seja, era a sua função fiscalizar a actividade do banco e certificar as suas contas. E este senhor, em 10 anos, não conseguiu detectar nenhuma das inúmeras trafulhices do João Rendeiro, num caso que acabou com a primeira falência de um banco português em, pelo menos, 20 anos.
Ou seja, andamos à procura de um gajo muita bom para fiscalizar as contas do Estado português, de forma a que tudo seja confiável, transparente e à prova de bala. E o que arranjamos? O gajo que, durante 10 anos não foi capaz de encontrar nada de errado no BPP. Ah, 10 anos durante os quais a sua função era...ver se havia alguma coisa de errado com o BPP.
Porreiro, pá.
Isto vem tudo do mesmo problema original.
Há no máximo 500 gajos que, em Portugal, mandam nesta merda toda. Advogados, gestores, deputados, "professores", assessores, consultores. Vivem à sombra dos partidos e do Estado, e vão arranjando poiso nesta e naquela empresa, neste ou naquele instituto, neste ou naquele ministério. Mesmo os tipos como Pinto Barbosa, professor universitário conceituado, acaba por sucumbir, aceitar uns cargos porque sim, porque dão dinheiro e pouca chatice. No caso do BPP, não vou ao ponto de dizer que ele sabia das trafulhices. Mas mostrou, no mínimo, ser um incompetente. O problema é que só há 500 gajos, e muitas empresas e institutos. Portanto eles vão rodando uns com os outros (veja-se o caso do Mário Lino, que é agora presidente do conselho fiscal dos seguros da CGD ou de Manuel Pinho, que anda a dar aulas nos States patrocinadas pela EDP e de quem se diz poder vir a ser o próximo presidente da CGD). Eles vão rodando e, na verdade, não estão nos cargos para fazer seja o que for. Estão para não chatear e encher os bolsos, e depois trocam. Este senhor não terá sido criminoso, mas terá sido pouco sério no seu trabalho. Estava lá para papar o salário, e mais nada. E como este há os outros 500.
Este país vive manietado e dominado por esta pseudo-elite, de Varas e Dias Loureiros, de cargo em cargo, de incompetência em incompetência, de nada em nada. Mas sempre enchendo-se bem, e a gente a pagar.
Não há gente boa em Portugal? Há, e muita, e muito boa. É a geração mais qualificada de sempre em Portugal, e que trabalha por 500 euros e a recibos verdes. E nunca na vida vão ter uma vida digna ou um cargo de responsabilidade onde possam demonstrar as suas capacidades e fazer a diferença em prol de todos nós. Porque os lugares estão todos ocupados por estas nulidades, que dia a dia vão cavando cada vez mais o fosso onde nos querem enterrar.
Aníbal, o Santo
E pronto, não há nada a fazer.
Por incrível que pareça, a campanha eleitoral para a presidência fica marcada, até ao fim, pelo BPN.
Bom, tendo em atenção que, até então, a campanha morna tinha sido marcada por assuntos da competência do Governo e não da presidência, até, se calhar, faz sentido.
No fundo, a presidência, na concepção que esta malta do centrão tem da coisa, não serve para nada. Uns recados, umas advertências à porta fechada, umas paradas militares, uns discursos encriptados e uns bolos-reis. Pouco mais, nada de realmente importante.
Há apenas um ponto importante: se o FMI vier, mandam o Sócrates com o caralho ou não?
É só isto que interessa, na verdade, e não vi nem Alegre nem Cavaco responder directamente a esta questão. Por motivos que, em ambos os casos, se compreendem perfeitamente.
Para mim, esta história do BPN/SLN e do Cavaco interessa muito pouco. Não houve crime nem indícios disso, apenas um negócio fajuto que lhe deu, e à sua filha, muito dinheiro a ganhar.
O que aconteceu é simples, e passo a explicar.
Em 1999/2000, Cavaco e a filha compraram acções da SLN, dona do BPN, que era o seu maior activo. A compra foi feita tendo como contraparte Oliveira Costa, na altura presidente do banco e da SLN. Dois anos depois, as acções foram vendidas de volta à SLN, por um preço mais de 100% superior ao da compra. Como a SLN não é cotada, não há um valor de mercado que sirva de referência aos títulos em causa. Portanto, teve que haver uma avaliação específica de quanto valiam as acções. Para haver um cabal esclarecimento da questão, tudo se resume a saber quem avaliou as acções e com que critérios. Se calhar a valorização faz sentido. Mas não sabemos nem nunca vamos saber.
Aquilo que é claro é que as acções foram vendidas baratas e compradas de volta caras. Ora isto é má gestão da SLN. A não ser que a contrapartida deste negócio fossem favores, influências, etc, etc. Foi isto que aconteceu, como aconteceu com Dias Loureiros e outra malta do PSD. Não sendo possível provar o que foi dado em troca, tudo se resumiu a Oliveira Costa dar aos amigos alguma guita a ganhar, em prejuízo da sua própria empresa, com os resultados que mais tarde se vieram a saber. No fundo, a questão não será necessariamente criminal, mas sim de mostrar as negociatas feitas entre bons e velhos amigos. Questão que adquire importância porque suja a imagem pseudo-imaculada do Santo Aníbal.
Cavaco cometeu um erro crasso que, não fosse a ausência de rivais e a vantagem que tem, lhe podia ter custado a reeleição. Confrontado com o caso BPN por Manuel Alegre (que diga-se, percebeu bem que não tinha grande coisa a dizer pelo que fez uma insinuação muito vaga e a contragosto), atacou a gestão actual do BPN. Que está lá a trabalhar, praticamente de borla, para resolver o problema que os amigos do Cavaco criaram, e que vai custar 5 mil milhões de euros a todos nós. Mas a coisa fez barulho mas passou, no fim de semana de fim de ano. O outro erro monstruoso foi Cavaco voltar a falar no assunto na segunda-feira, na Madeira (não sei se são os ares, mas é impossível a qualquer gajo do PSD naquela área não se transformar num débil mental). E aí, ao reintroduzir o tema BPN na campanha, quando não tinha necessidade de o fazer, enterrou-se ainda mais.
A imprensa, nomeadamente a política, vive para as campanhas. E as campanhas fazem-se de casos e de soundbytes. Como esta campanha estava morta à partida, com um vencedor antecipado, andava tudo desesperado por um caso, nem que fosse um fait-diver. E Cavaco serviu-o de bandeja, embora seja um caso que só o pode penalizar. Como resultado, metade dos jornalistas do país está, neste momento, a tentar levantar podres sobre o BPN e tentando ligá-los a Cavaco, como forma de alimentar as não sei quantas páginas diárias de jornal sobre a campanha. O Público trouxe a lume que vários antigos responsáveis do BPN, alguns suspeitos de muita merda, fazem parte da comissão de honra do candidato Cavaco Silva. Não é crime, mas fica mal, porque o colam aos amigalhaços de outros tempos. E isto é só o princípio, acreditem. A minha única dúvida é se os directores de jornais vão ter os tomates de publicar mais lixarada. Porque os jornalistas vão encontrar coisas, isso é seguro, mesmo que tudo não passe de insinuações vagas e que não incriminem directamente Cavaco. Mas nestes casos, a insinuação basta para fazer mossa. Não acredito é que os directores dos jornais, sabendo perfeitamente que a reeleição de Cavaco é inevitável, estejam dispostos a comprar uma guerra de anos com o presidente.
Hoje, Alexandre Relvas veio reagir à "campanha suja" que liga Cavaco ao BPN. E disse uma mentira descarada: que Cavaco já explicou tudo cabalmente, nos debates televisivos. Ele podia dizer tudo, ou até simplesmente que Cavaco não tem que responder. Que foi um investimento privado quando não era titular de qualquer cargo político, que declarou a mais-valia e pagou os impostos, etc, etc. E que, como tal, não é um assunto presidencial ou legal, pelo que não tem que explicar nada. Mas não. O senhor Relvas e o senhor Cavaco vão pelo caminho da mentira, de que este último já esclareceu tudo. O que é absolutamente falso.
Mais, se ele quer esclarecer, repito, basta dizer coisas simples: quem avaliou o preço de compra e o preço de venda, e como se justifica esta súbita valorização. Só isto. Não tem de o fazer, mas pode fazê-lo, se não tiver nada a temer. Não pode é dizer que tudo é claro e está explicado.
Cavaco, nesta campanha, está a demonstrar ser exactamente o contrário do que tenta passar. Diz que não é político, mas é o político português no activo com mais anos de exercício de altos cargos. Finge-se de conciliador mas é agressivo e mal encarado. Fala nos pobrezinhos mas despreza Fernando Nobre e Xico Lopes quando este o faz, como se o Santo Aníbal tivesse o exclusivo do tema. E, sobretudo, perde completamente as estribeiras quando é questionado, confrontado ou contrariado, bem ao estilo do nosso velho conhecido...Sócrates.
Porque Cavaco não conhece o conceito de candidato. Acha inadmissível que um presidente em funções tenha de andar no meio do povo a distribuir bandeirinhas. E que tenha que debater com borra-botas como Defensor Moura ou Chico Lopes ou qualquer um dos outros. E que tenha, imagine-se a desfaçatez, de responder a perguntas dos jornalistas.Ele é o tipo mais honesto que todos. Os outros são todos má moeda.
Ele queria uma campanha vitoriosa, laudatória, calminha e caladinha como ele sempre foi. Um ritual de incenso e folhas de palmeira, com a multidão a cantar hosanas ao Santo Aníbal. É um arrogante de merda, que não consegue, pura e simplesmente colocar-se ao mesmo nível que qualquer outro ser. Ele está genuinamente repugnado por ter sequer de disputar estas eleições.
Vai ganhar, claro, mas finalmente deixou cair a máscara. Esta parvoíce do BPN serviu, ao menos, para isto.
PS - acho imensa piada muita malta do PSD vir agora queixar-se da campanha suja, quando fizeram o que fizeram com o Sócrates. E acho muita piada à malta do PS, como a insuportável Edite Estrela, que vem atacar Cavaco com a história do BPN, depois de ter rasgado as vestes com as "inaceitáveis insinuações" contra Sócrates. Que, lembremo-lo sempre, eram muito mais graves e fundamentadas que esta história do BPN, abalando seriamente os princípios básicos do Estado de Direito. Se esta merda funcionasse, Sócrates não teria sido só demitido: estava preso.
Enfim, estão bem uns para os outros.
Por incrível que pareça, a campanha eleitoral para a presidência fica marcada, até ao fim, pelo BPN.
Bom, tendo em atenção que, até então, a campanha morna tinha sido marcada por assuntos da competência do Governo e não da presidência, até, se calhar, faz sentido.
No fundo, a presidência, na concepção que esta malta do centrão tem da coisa, não serve para nada. Uns recados, umas advertências à porta fechada, umas paradas militares, uns discursos encriptados e uns bolos-reis. Pouco mais, nada de realmente importante.
Há apenas um ponto importante: se o FMI vier, mandam o Sócrates com o caralho ou não?
É só isto que interessa, na verdade, e não vi nem Alegre nem Cavaco responder directamente a esta questão. Por motivos que, em ambos os casos, se compreendem perfeitamente.
Para mim, esta história do BPN/SLN e do Cavaco interessa muito pouco. Não houve crime nem indícios disso, apenas um negócio fajuto que lhe deu, e à sua filha, muito dinheiro a ganhar.
O que aconteceu é simples, e passo a explicar.
Em 1999/2000, Cavaco e a filha compraram acções da SLN, dona do BPN, que era o seu maior activo. A compra foi feita tendo como contraparte Oliveira Costa, na altura presidente do banco e da SLN. Dois anos depois, as acções foram vendidas de volta à SLN, por um preço mais de 100% superior ao da compra. Como a SLN não é cotada, não há um valor de mercado que sirva de referência aos títulos em causa. Portanto, teve que haver uma avaliação específica de quanto valiam as acções. Para haver um cabal esclarecimento da questão, tudo se resume a saber quem avaliou as acções e com que critérios. Se calhar a valorização faz sentido. Mas não sabemos nem nunca vamos saber.
Aquilo que é claro é que as acções foram vendidas baratas e compradas de volta caras. Ora isto é má gestão da SLN. A não ser que a contrapartida deste negócio fossem favores, influências, etc, etc. Foi isto que aconteceu, como aconteceu com Dias Loureiros e outra malta do PSD. Não sendo possível provar o que foi dado em troca, tudo se resumiu a Oliveira Costa dar aos amigos alguma guita a ganhar, em prejuízo da sua própria empresa, com os resultados que mais tarde se vieram a saber. No fundo, a questão não será necessariamente criminal, mas sim de mostrar as negociatas feitas entre bons e velhos amigos. Questão que adquire importância porque suja a imagem pseudo-imaculada do Santo Aníbal.
Cavaco cometeu um erro crasso que, não fosse a ausência de rivais e a vantagem que tem, lhe podia ter custado a reeleição. Confrontado com o caso BPN por Manuel Alegre (que diga-se, percebeu bem que não tinha grande coisa a dizer pelo que fez uma insinuação muito vaga e a contragosto), atacou a gestão actual do BPN. Que está lá a trabalhar, praticamente de borla, para resolver o problema que os amigos do Cavaco criaram, e que vai custar 5 mil milhões de euros a todos nós. Mas a coisa fez barulho mas passou, no fim de semana de fim de ano. O outro erro monstruoso foi Cavaco voltar a falar no assunto na segunda-feira, na Madeira (não sei se são os ares, mas é impossível a qualquer gajo do PSD naquela área não se transformar num débil mental). E aí, ao reintroduzir o tema BPN na campanha, quando não tinha necessidade de o fazer, enterrou-se ainda mais.
A imprensa, nomeadamente a política, vive para as campanhas. E as campanhas fazem-se de casos e de soundbytes. Como esta campanha estava morta à partida, com um vencedor antecipado, andava tudo desesperado por um caso, nem que fosse um fait-diver. E Cavaco serviu-o de bandeja, embora seja um caso que só o pode penalizar. Como resultado, metade dos jornalistas do país está, neste momento, a tentar levantar podres sobre o BPN e tentando ligá-los a Cavaco, como forma de alimentar as não sei quantas páginas diárias de jornal sobre a campanha. O Público trouxe a lume que vários antigos responsáveis do BPN, alguns suspeitos de muita merda, fazem parte da comissão de honra do candidato Cavaco Silva. Não é crime, mas fica mal, porque o colam aos amigalhaços de outros tempos. E isto é só o princípio, acreditem. A minha única dúvida é se os directores de jornais vão ter os tomates de publicar mais lixarada. Porque os jornalistas vão encontrar coisas, isso é seguro, mesmo que tudo não passe de insinuações vagas e que não incriminem directamente Cavaco. Mas nestes casos, a insinuação basta para fazer mossa. Não acredito é que os directores dos jornais, sabendo perfeitamente que a reeleição de Cavaco é inevitável, estejam dispostos a comprar uma guerra de anos com o presidente.
Hoje, Alexandre Relvas veio reagir à "campanha suja" que liga Cavaco ao BPN. E disse uma mentira descarada: que Cavaco já explicou tudo cabalmente, nos debates televisivos. Ele podia dizer tudo, ou até simplesmente que Cavaco não tem que responder. Que foi um investimento privado quando não era titular de qualquer cargo político, que declarou a mais-valia e pagou os impostos, etc, etc. E que, como tal, não é um assunto presidencial ou legal, pelo que não tem que explicar nada. Mas não. O senhor Relvas e o senhor Cavaco vão pelo caminho da mentira, de que este último já esclareceu tudo. O que é absolutamente falso.
Mais, se ele quer esclarecer, repito, basta dizer coisas simples: quem avaliou o preço de compra e o preço de venda, e como se justifica esta súbita valorização. Só isto. Não tem de o fazer, mas pode fazê-lo, se não tiver nada a temer. Não pode é dizer que tudo é claro e está explicado.
Cavaco, nesta campanha, está a demonstrar ser exactamente o contrário do que tenta passar. Diz que não é político, mas é o político português no activo com mais anos de exercício de altos cargos. Finge-se de conciliador mas é agressivo e mal encarado. Fala nos pobrezinhos mas despreza Fernando Nobre e Xico Lopes quando este o faz, como se o Santo Aníbal tivesse o exclusivo do tema. E, sobretudo, perde completamente as estribeiras quando é questionado, confrontado ou contrariado, bem ao estilo do nosso velho conhecido...Sócrates.
Porque Cavaco não conhece o conceito de candidato. Acha inadmissível que um presidente em funções tenha de andar no meio do povo a distribuir bandeirinhas. E que tenha que debater com borra-botas como Defensor Moura ou Chico Lopes ou qualquer um dos outros. E que tenha, imagine-se a desfaçatez, de responder a perguntas dos jornalistas.Ele é o tipo mais honesto que todos. Os outros são todos má moeda.
Ele queria uma campanha vitoriosa, laudatória, calminha e caladinha como ele sempre foi. Um ritual de incenso e folhas de palmeira, com a multidão a cantar hosanas ao Santo Aníbal. É um arrogante de merda, que não consegue, pura e simplesmente colocar-se ao mesmo nível que qualquer outro ser. Ele está genuinamente repugnado por ter sequer de disputar estas eleições.
Vai ganhar, claro, mas finalmente deixou cair a máscara. Esta parvoíce do BPN serviu, ao menos, para isto.
PS - acho imensa piada muita malta do PSD vir agora queixar-se da campanha suja, quando fizeram o que fizeram com o Sócrates. E acho muita piada à malta do PS, como a insuportável Edite Estrela, que vem atacar Cavaco com a história do BPN, depois de ter rasgado as vestes com as "inaceitáveis insinuações" contra Sócrates. Que, lembremo-lo sempre, eram muito mais graves e fundamentadas que esta história do BPN, abalando seriamente os princípios básicos do Estado de Direito. Se esta merda funcionasse, Sócrates não teria sido só demitido: estava preso.
Enfim, estão bem uns para os outros.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
2010
Para muita gente, o ano que passou foi para esquecer. Ano de crise, mais um ano de crise. Mas, na vida de cada um de nós, as vitórias e derrotas que fazem a nossa existência vão, sempre, para além disso.
Para mim, 2010 foi um ano de uma generosidade sem fim. Foi o ano em que mudei de casa com a minha mulher, em que estivemos, juntos, melhor que nunca. Foi o ano do meu Benfica campeão, numa época vivida intensamente, no estádio. Foi o ano em que a minha mãe encontrou alguma da paz de espírito que tanto merece. Foi o ano em que finalmente acabei de escrever o livro que iniciei há quatro longínquos anos. E foi o ano que me trouxe a minha Alice, a nossa filha que nos conquista a cada dia que passa.
Sim, foi um ano desmesuradamente generoso. E eu tenho consciência disso, e sei o quão afortunado tenho sido. Não o dou por adquirido, nunca. Quero estar consciente, e agradecido, da sorte que tenho.
Que 2011 vos traga a mesma paz e a mesma felicidade.
Para mim, 2010 foi um ano de uma generosidade sem fim. Foi o ano em que mudei de casa com a minha mulher, em que estivemos, juntos, melhor que nunca. Foi o ano do meu Benfica campeão, numa época vivida intensamente, no estádio. Foi o ano em que a minha mãe encontrou alguma da paz de espírito que tanto merece. Foi o ano em que finalmente acabei de escrever o livro que iniciei há quatro longínquos anos. E foi o ano que me trouxe a minha Alice, a nossa filha que nos conquista a cada dia que passa.
Sim, foi um ano desmesuradamente generoso. E eu tenho consciência disso, e sei o quão afortunado tenho sido. Não o dou por adquirido, nunca. Quero estar consciente, e agradecido, da sorte que tenho.
Que 2011 vos traga a mesma paz e a mesma felicidade.
domingo, 2 de janeiro de 2011
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